De acordo com a etimologia, a palavra fé tem origem no Grego “pistia” que indica a noção de acreditar e no Latim “fides”, que remete para uma atitude de fidelidade. No contexto religioso, a fé é uma virtude daqueles que aceitam como verdade absoluta os princípios difundidos por sua religião. Ter fé em Deus é acreditar na sua existência e na sua onisciência.
Já a palavra razão tem origem na palavra latina, “ratio” e na palavra grega “logos”, que significam reunir, juntar, medir, calcular, portanto, razão significa pensar, falar ordenadamente, com medida, com clareza e de modo compreensível. Desta forma, razão seria a faculdade de conhecimento intelectual próprio do ser humano, é um entendimento, em oposição à emoção.
Ao unir fé e razão, Allan Kardec se utilizou de um conceito proposto por Immanuel Kant. Para o filósofo prussiano, a fé racional pode se chamar um ‘postulado’ da razão, por estar em igualdade com qualquer outra fonte de saber. Ainda de acordo com Kant, a fé raciocinada é uma forma segura para percorrer o campo dos objetos suprassensíveis, tornando-se o instrumento adequado para a moral racional e até mesmo para a compreensão lúcida das obras reveladas, como o evangelho.
Com Entre a fé e a razão – o amor, Rubens Molinari nos conduz a este resultado, comprovando que o estudo do espiritismo nos oferece plena liberdade moral ao reavivar os ensinos de Jesus.
Lembra o autor que, ao ser questionado sobre como amar integralmente, a resposta do Mestre “é de chocante simplicidade: Amar é servir!”. E por isso, prossegue Rubens, “os verdadeiros e fiéis seguidores continuaram amando, como aprenderam com Jesus, desde aquela época e pelo tempo afora”.
Mas o autor preferiu não utilizar o vocábulo “caridade” porque “ele é, com frequência, entendido como amor menor, resto de amor, falsamente praticado ao se ajudar o próximo com migalhas”. De fato, em O evangelho segundo o espiritismo, José, um espírito protetor, afirma que a caridade, assim como a esperança, “são uma consequência da fé” (capítulo 19, item 11). José explica que a fé, “divina inspiração de Deus, desperta todos os nobres sentimentos que conduzem o homem ao bem: é a base da regeneração. É preciso, pois, que esta base seja forte e durável, (…). Erguei, portanto, este edifício sobre bases inabaláveis”.
Através da autonomia que proporciona entendimento e discernimento, a fé raciocinada, é, de fato, uma “base inabalável” na busca do entendimento e do discernimento, diferindo, assim, de tudo o que caracteriza a fé religiosa, que se orienta através de dogmas, por exemplo.
Da mesma forma, como o amor não é uma propriedade dos cristãos, mas, antes, um sentimento universal, “de todos os povos e crenças, de todas as épocas, escapando dos limites de credos e, até de mundos”, em Entre a fé e a razão – o amor, Rubens optou em “utilizar a palavra amor, pois foi e é essa palavra, aquela longamente utilizada por Jesus e por seus verdadeiros seguidores, os quais souberam e sabem viver o amor-pleno”. É através deste amor-pleno que o espiritismo facilita a reparação dos erros numa experimentação consciente – e nisto está o fortalecimento da fé. E, sem a fé raciocinada, o esforço de querer transformar-se em uma melhor pessoa não se sustenta. Por isso, as verdadeiras pessoas de fé possuem atitudes e comportamentos de amor – amor a Deus, ao próximo e a si mesmo.
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