Progresso de leitura

Esta história, comovente e linda, está guardada comigo há muitos anos, de tal modo que não recordo o nome do autor. Peço, por isso, escusas do estimado leitor, considerando que já passei dos 90 janeiros…

Eu era pequenino e você me tomava pelas mãos, que mil vezes se uniram às minhas para o poema da prece, e me conduzia pelos caminhos da vida, contando as gloriosas mensagens do existir.

As primaveras se sucediam e quase não percebíamos o passar das estações.

Ainda recordo suas narrativas comoventes sobre o nascimento de Jesus. Sua palavra delicada recordava a mais linda história, fazendo-me estremecer toda vez, porque era sempre bela e sempre nova a lembrança do Natal, nos seus lábios emoldurados de bondade e nos seus olhos orvalhados de lágrimas.

Quando comecei a compreender os sofrimentos humanos e percebi na sua face os primeiros sulcos de agonias suportadas heroicamente, você, sorrindo, me convidava a confiar nele, o Mestre Divino, não me permitindo partilhar sua aflição.

O tempo mostrou-me a sua grandeza através das renúncias e resignações que aureolaram sua fronte até a velhice consagrada ao bem. Recordo-me de você mamãe e pelas minhas recordações passam todas as horas da nossa convivência e eu faço uma prece a Deus para agradecer a Mãe que você foi para mim.

Evocando-a em toda a sua grandiosidade de quase santa que você foi, compadeço-me da maternidade negada e ultrajada dos dias atuais e compreendo que a falta de amor na Terra é o fermento de dores acerbas que não tardarão.

Eu, que recebi a alta concessão de poder voltar ao corpo de carne através de você, rica de amor e abnegação, junto minhas mãos às suas imateriais para orar pela mulher infortunada que esqueceu ou não deseja santificar a própria vida, fazendo-se santuário, transformando‐se em Mãe.

Oswaldo Iório no livro Belas e comoventes histórias