Ricardo Orestes Forni – Sombras que retornam e O amor pelos animais
Quando começou sua história com a EME?
Desde quando ela tinha como nome “Mensagem de Esperança” em idos tempos, evidentemente, e já nessa época os livros dessa editora abastecia nosso clube do Livro espírita que renasceu a partir do ano de 1987, mês de setembro.
Apesar de ser um romancista nato, que já publicou 12 livros, o de maior tiragem é o livro de estudos doutrinários O amor pelos animais, em sua 12ª. Edição. Como surgiu a ideia desta obra?
O livro O amor pelos animais, nasceu num momento de grande dor no meu coração, ocasião em que vi partir uma cachorrinha muito amada de nome Vitória. Esse nome foi dado não por uma questão de luxo, mas de vitória mesmo após ela ter sobrevivido a uma paralisia total resultante de uma mordida em sua cabeça, enquanto ainda era filhote, por um outro animal. Ficou paralisada por inteira e o médico veterinário recomendou a eutanásia. Pacientemente foi cuidada com pequenas mamadeiras chamadas de “chuca” através da qual recebia leite e água. Como o poder de regeneração dos animais vai além do que imaginamos, ela se recuperou totalmente do trauma sofrido e nos proporcionou amor e alegria incondicionais durante dez anos.
Conte um pouco para nós seu interesse pela causa dos animais.
Meu amor pelos animais tem origem na explicação da própria doutrina espírita onde o saudoso e querido Chico Xavier os chamava de nossos irmãos mais novos e não de irmãos inferiores, mas, mais novos, necessitados de nosso auxílio para evoluírem, da mesma maneira como necessitamos do auxílio dos espíritos mais evoluídos em nossa caminhada. O animal é um ser inocente. Não tem culpa de ter nascido. Cumpre uma lei da Natureza. Assim como nós humanos, eles também sentem dor, sede, fome, são acometidos por doenças graves tal como o câncer o que impõe a eles muito sofrimento e, muitas vezes, sem nenhum socorro de nossa parte. Contudo, o maior sofrimento que recebem é o da ingratidão, do desprezo, do abandono pelo ser humano que é racional e age em relação aos animais como se fosse um ser irracional. Muitos vão às Igrejas de suas escolhas, mas torturam animais a quem deveriam auxiliar. Quem não gosta de animais, não têm o direito de agredi-los. São Francisco de Assis deixou isso de maneira muito clara ao chamá-los de “irmãos”! Será que somos melhores do que esse santo?
Daí veio seu amor pelos animais?
Então, meu amor por esses irmãos menores vem da necessidade que eles têm e da oportunidade que temos em exercitar o amor que Jesus nos recomendou. O amor ao próximo, não exclui o animal já que eles são criaturas de Deus e como tal devem ser respeitados e amados se realmente amamos a Deus. Como se pode amar o Criador maltratando qualquer ser de sua criação? Agora mesmo, na tragédia que acometeu o Estado do Rio Grande do Sul, vimos esse amor aos animais em pleno exercício no processo de salvá-los como muito bem merecem. Eles também temem a morte como nós a tememos. Já nos serviram durante tantos milênios dando-nos suas vidas para servir de alimento e que muita gente até hoje utiliza para a satisfação da gula. Por que não amá-los, auxiliá-los a evoluir se vivemos de mãos estendidas em direção aos espíritos superiores pedindo socorro em nossas dificuldades?
Como você e sua esposa enfrentaram a pandemia da Covid-19?
A Covid-19 foi mais um estímulo para a evolução científica da humanidade e para o exercício do amor entre as criaturas já que o vírus não faz distinção nenhuma entre os encarnados. Muitas pessoas humildes e muitas consideradas famosas partiram por meio dessa enfermidade, infelizmente. Inclusive minha esposa viu a própria irmã partir dessa forma, além de muitas outras pessoas queridas. Procuramos seguir as orientações das autoridades sanitárias do país para estar em paz com a própria consciência. Lamentamos profundamente o abalo muito grande que o clube do Livro espírita sofreu com o afastamento das pessoas das Casas espíritas e que não se recuperou até os dias atuais quando a pandemia sofreu uma atenuação muito grande. São fases que a humanidade passa trazendo lições que cada um aproveite ou ignore à sua maneira com as consequências da semeadura realizada.
Você ainda segue seu trabalho como médico?
Continuo exercendo minha profissão a nível de consultório já que a idade avançada, 77 anos, não me confere mais condições físicas de enfrentar um volume muito grande de serviço pelo desgaste físico a que o tempo nos submete. Mas mesmo nesse meu cantinho procuro atender àqueles que buscam meu auxílio da melhor forma possível, entendendo que estão em sofrimento e que podemos atenuar, mesmo que minimamente, esse instante da vida de nossos semelhantes.
Por quê sua opção pela medicina? Tinha familiares que exerceram essa profissão? Ou que incentivaram nessa carreira?
Quando criança e filho de uma família pobre num tempo em que os brinquedos eram muito raros, ficava imensamente feliz quando meu pai me trazia uma seringa de vidro com o bico quebrado que eu utilizava para aplicar injeções em laranjas, usando como agulha o espinho das laranjeiras do quintal grande da casa em que morávamos em que meu pai mantinha vários pés de frutas. Creio que isso já sinalizava compromissos de tempos futuros onde as modernas agulhas e seringas me serviram muito na especialidade médica que vim servir.
Como é ser um romancista? Você teve um romance transformado em peça de teatro; como foi essa experiência?
Os romances que escrevi me vieram formatados através da intuição. Não credito nenhum deles a minha pessoa, mas ao auxílio do plano espiritual socorrendo em primeiro lugar a mim mesmo e, posteriormente, a quem se interessou em lê-los. A circulação do livro “É impossível morrer” através de peça teatral pelo Estado de São Paulo foi motivo de alegria de um pai que vê o filho servir bem ao mundo em que nasceu e vive. Não esperava que isso ocorresse, mas entendo aí mais uma prova de que os espíritos amigos serviram-se da minha escrita para o trabalho deles.
Você continua com suas atividades doutrinárias no rádio e na TV?
Minha participação no rádio e na televisão local (em Tupã, SP) para a divulgação da doutrina atualmente se encontram em recesso pela incompatibilidade de horário do exercício da minha profissão e do pessoal jovem que vem assumindo nossa posição, já que estamos em preparo para nascer de novo em nosso mundo de origem como bem orientava São Francisco ao afirmar que é morrendo que nascemos para a vida eterna.
E sua esposa também participa das lides espíritas em alguma atividade?
Minha esposa me acompanha nas exposições doutrinárias simples que fazemos por uma ou outra Casa espírita da cidade em que moramos sem uma participação mais direta na exposição, mas exercendo no campo social que a doutrina nos oferece sua cota de colaboração.
Fale-nos sobre seu novo romance, Sombras que retornam. O que os leitores vão encontrar nesta história?
Sombras que retornam surgiu após o relato de um fato real que ouvi em uma palestra doutrinária e que os espíritos amigos resolveram, mais uma vez, aproveitar as poucas condições que ofereço a eles para trazer mais essa pequena colaboração ao meio espírita. Ficou um romance muito leve e com momentos até mesmo hilários, sem abrir mão da divulgação das verdades doutrinárias e que são as verdadeiras razões para que uma obra surja em nosso meio espírita. Gostei muito desse livro, da maneira como ele expôs as orientações e consequências de nossa semeadura aqui na escola da Terra, deixando muito claro que o amor sempre vence e que esse amor não tem pressa porque o calendário de Deus é, simplesmente, a eternidade. Boa leitura a todos na certeza de que irão apreciar o material exposto neste livro escrito com muito carinho e vontade de colaborar, mesmo que minimamente com um ser humano melhor.