O Aquário da cidade de São Paulo é considerado o maior oceanário da América do Sul. Além de peixes diversos, encontramos outras espécies de animais como pinguins, morcegos e jacarés raros.
Antes de entrar no ‘submarino’ (trecho em que os visitantes caminham por baixo do aquário), uma sala chama a atenção. Pequena, traz uma placa acima da entrada onde se lê: “Conheça o maior predador da Terra”. Lá dentro, paredes cobertas de espelhos. A princípio, a ‘ficha demora a cair’. Porém, num átimo de segundo, a realidade bate, literalmente, no nariz: o maior predador somos nós, a raça humana.
A voracidade humana
O espiritismo nos ensina que os animais também evoluem e sempre como colaboradores do homem. Apesar de a raça humana temer os animais predadores, nenhum deles, do mais impressionante tubarão branco ao mais imponente Leão do Cabo, se equipara à voracidade humana em caçar outras espécies.
Surpreenda-se: para cada ataque de tubarão ao homem, mais de 260 mil tubarões são mortos pela ação humana. E no caso do tubarão, mais de 30% de suas 64 espécies já estão ameaçadas. Já o Leão do Cabo desde 1865 só pode ser visto em alguns museus. Empalhado.
Um processo acelerado
A lista dos animais que simplesmente desapareceram da face do planeta é longa e, consequentemente, está aumentando.
Tudo por ação direta ou indireta do homem. E já descontados os que foram extintos naturalmente (processo lento, que demanda milhares de anos). O homem acelera este processo, por meios que vão da caça ao contrabando, passando pelo mau uso dos recursos naturais do planeta.
Como resultado da caça indiscriminada, tigres estão desaparecendo das florestas indianas, orangotangos tiveram sua população reduzida em mais de 90%, e os elefantes africanos estão reduzidos para pouco mais de 700 mil exemplares. Além disso, pesca predatória já colocou seis espécies de baleia em vias de extinção.
O terceiro maior negócio
Já o tráfico ilegal de animais é o terceiro maior negócio em contrabando, depois de drogas e armas. A esperança é conscientizar os compradores, e não os vendedores. Afinal, o comércio movimenta mais de 10 bilhões de dólares em todo o mundo sendo que o Brasil, por conta de sua biodiversidade, participa com 15% deste valor. As chocantes imagens das formas desumanas como os animais são transportados, a maioria morrendo antes de chegar ao destino, é uma das estratégias para fazer com que os laboratórios de pesquisa, as lojas de animais, circos e colecionadores privados, parem de adquirir animais traficados. Por “colecionadores privados” entenda-se qualquer um de nós que adquirir animais notadamente vendidos de forma ilegal.
Assim como a caça e o contrabando, o avanço populacional, através da expansão urbana, reduz ou simplesmente destrói ambientes naturais. Do mesmo modo que a abertura de grandes áreas para implantação de pastagens ou agricultura convencional, extrativismo desordenado, ampliação da malha viária, poluição, incêndios florestais, mudanças climáticas, formação de lagos para hidrelétricas e mineração de superfície.
A lista vermelha
Outra causa importante que leva espécies à extinção é a introdução de espécies exóticas, ou seja, aquelas que são levadas pelo homem para outro habitat, que não o seu. Consequentemente, estas espécies, por suas vantagens competitivas, favorecidas pela ausência de predadores e pela degradação dos ambientes naturais, dominam os nichos ocupados pelas espécies nativas, apropriando-se do espaço, da água e dos alimentos ocasionando o empobrecimento do ecossistema.
A IUCN (em inglês, União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais), fundada em 1948 na Suíça e considerada a primeira ONG ambientalista do mundo, criou a Lista Vermelha, um dos inventários mais detalhados do mundo sobre o estado de conservação mundial de várias espécies de plantas, animais, fungos e protistas (algas unicelulares e protozoários), na tentativa de reduzir as extinções. Na lista estão mais de 40 mil espécies ameaçadas e outras 16 mil em perigo.
No Brasil, o IBAMA também tem sua “lista vermelha” onde oito, das mais de 390 espécies apresentadas, já desapareceram por completo. E surpreende a presença de animais invertebrados terrestres – minhocas, aranhas e escorpiões!
Em bom português: parece que nada escapa da ação destruidora do maior predador da Terra. Mas ainda há os que não entendem a mensagem da pequena sala espelhada no Aquário de São Paulo.
GEORGE DE MARCO é jornalista-redator das publicações periódicas da Editora EME
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