… se os homens encarnados entendessem a beleza suprema da vida! Se apreendessem, antecipadamente, algo dos horizontes sublimes que se nos apresentam depois da morte do corpo, certamente valorizariam, com mais interesse, o tempo, a existência, o aprendizado!
André Luiz (Chico Xavier)¹
Para ensinar é preciso aprender. Depois viver. Só então estaremos aptos a compartilhar, confortar e esclarecer os outros. Foi o que aconteceu com esse médico que viveu no Rio de Janeiro e que, depois da morte do corpo físico, se viu em difícil situação no Além.
André Luiz não tinha como justificar a razão de sua morte porque estava registrada em suas ações e costumes praticados durante a vida. Como médico, sabia das consequências do sexo sem proteção, do uso de álcool e do tabaco, mas, nem assim, se privou dos mesmos. Seus inimigos gratuitos, depois de sua morte, gritaram por anos em seus ouvidos: “Suicida”.
Nova caminhada
Amparado, na nova vida, procurou socorrer o próximo; destituído do título que desfrutou na Terra, iniciou a nova caminhada como auxiliar de enfermagem.
Contou suas novas experiências na vida como espírito em viagem ao nosso Mundo como um residente de medicina, sempre acompanhado de um tutor. No livro citado¹, o instrutor é o médico Jerônimo, especialista em desencarnação, que tinha a missão de levar cinco pessoas do Estado do Rio de Janeiro, em 30 dias, de retorno à vida espiritual.
Millôr Fernandes
Por falar em abuso de substâncias, o uso de cigarro tem o maior poder de viciação, por conta da nicotina. Com seu bom humor, o escritor Millôr Fernandes disse: “Não há problema tão grande que não caiba no dia seguinte”.
Porque o dependente do fumo fica pensando na manhã sem o primeiro cigarro, que é o mais apreciado. E depois do almoço. E à tarde, com o cafezinho, não conseguindo vencer a síndrome da abstinência provocada pela nicotina.
Falando sobre o hábito de fumar, Millôr disse: “Enorme percentual de fumantes segue disposto a continuar fumando, apesar de ameaças de câncer, enfisemas e outras quizílias. O fumo é realmente um vício idiota. Mas os fumantes que persistem em fumar têm um vício ainda mais idiota – a liberdade.
“Provando que nem só de pão, e de saúde, vive o ser humano. Além do fumo, ele aspira também gastar a vida como bem entende. Arruinando determinadamente seu corpo – um ato de loucura –, o fumante ultrapassa a pura e simples animalidade da sobrevivência sem graça”.²
Empréstimo
O professor Allan Kardec diz que “os espíritos, em se depurando pelas encarnações sucessivas, perdem o egoísmo, como perdem suas outras impurezas”. Estou me esforçando para deixar a bagagem que recebi, por empréstimo, das coisas materiais e das tradições culturais, aqui mesmo.
E cultivar aquelas da simpatia, da compreensão e da fraternidade, pois essas podem ser levadas suavemente.
ARNALDO DIVO RODRIGUES DE CAMARGO, diretor da Editora EME
¹Obreiros de vida eterna – FEB Editora
²Millôr definitivo – L&PM Editores