Misericórdia, o perdão ofertado com graça e bondade

perdoar

Progresso de leitura

Um dos maiores poetas britânicos do século 18, Alexander Pope certa feita afirmou: “errar é humano, perdoar é divino”.

Alguns compreenderam que o ‘divino’ da frase é uma referência ao fato de que somente Deus perdoa. Ledo engano.

Deus não perdoa, porque não se ofende. Ofender-se é algo puramente humano, ligado aos orgulhos e vaidades típicas dos espíritos em caminhada evolutiva. Sendo Deus o Criador, causa primária de todas as coisas, não poderia Ele sentir-Se ofendido. A imagem de um Deus ombreado aos seres humanos pode até aceitar a ideia de que o Criador assim haja. Porém, o espiritismo, em conformidade com os ensinos de Jesus, prefere optar pelo Criador justo, que não se ofende jamais, posto que é todo amor e bondade.

Sendo assim, o ‘divino’ da frase de Pope diz respeito à evolução moral. Desta forma, perdoar é, por natureza evolutiva, divino e, por necessidade encarnatória, humano. Quem não perdoa, afasta-se da alegria, da serenidade, da harmonia espiritual, já que seu coração não consegue amar ao próximo e, por conseguinte, nem mesmo consegue amar a Deus.

O perdão faz parte do repertório do “Pai Nosso”, provavelmente retirado de uma passagem encontrada em Mateus, capítulo 6, versículos 14 e 15: “se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; – mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados”.

Ou seja, o perdão verdadeiro é aquele que realmente esquece as faltas. De acordo com o capítulo 10, item 4, de O evangelho segundo o espiritismo, isso seria misericórdia, para a qual Jesus diz que não há limites. E foi sobre a misericórdia que Elaine Aldrovandi se debruçou para escrever seu livro, A difícil arte de perdoar.

Em suas páginas, a autora reflete sobre o que significa perdoar e porque Jesus tanto valorizou o perdão. Elaine também analisa os motivos psicológicos que dificultam reconhecer um erro e formular um simples pedido de perdão, tentando compreender as travas psicológicas que nos impede de perdoar a quem nos ofendeu.

Na introdução do livro, Elaine garante que vamos aprender as “diferentes linguagens do perdão”, e as “técnicas que nos auxiliam a perdoar os que nos ofenderam igualmente, libertando-nos das algemas da mágoa e do ressentimento”. Além disso, a autora aborda a necessidade do perdão a si mesmo e ainda introduz a ‘oração do perdão’.

Como se pode observar, A difícil arte de perdoar traz conteúdo muito relevante para todos que buscam se envolver pelo ambiente de serenidade que o perdão evoca, dando-nos o entendimento de que nós somos os primeiros a sermos beneficiados por este ato de misericórdia. Feito em silêncio, com graça e bondade, o perdão é força irresistível. E, se beneficia a quem perdoa, mais ainda faz ao perdoado ao mostrar-lhe o valor da tolerância. E ele mesmo, por sua vez, se sua consciência sintonizar com os instintos superiores, compreenderá o valor do perdão e irá procurar mudar suas atitudes.

Afinal, é sempre bom lembrar que o perdão faz parte da lei de justiça, amor e caridade (de acordo com a questão 886 de O livro dos espíritos) e, quem perdoa, está, portanto, caminhando em conformidade com a lei divina.

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