Os militares sempre governaram mais que os filósofos; os aventureiros incultos e atrevidos sempre dirigiram mais que os sábios; a ditadura, a opressão, o “direito da força”, sempre prevaleceram sobre a Democracia e a “força do Direito”; os espíritos belicosos, os amantes da guerra e da destruição, sempre varreram de seu caminho os mansos e os pacificistas.
Em aproximadamente 3.500 anos, a Terra viveu menos de três séculos sem guerras e sem lutas fratricidas.
Assim, apenas em pequenos intervalos, povos não estiveram destruindo outros povos, nações não se aplicaram na demolição de outras nações, irmãos não se dedicaram ao extermínio de seus semelhantes.
E isto não é exclusividade do homem do passado: a Humanidade ainda agora continua à mercê do lobo humano. Veja-se, por exemplo, o conflito entre o Irã e Iraque, a luta sem quartel que se trava entre brancos e negros na África do Sul, o genocídio do Líbano, os atentados terroristas que ocorrem em todas as partes do mundo, a ameaça que pesa sobre nosso planeta de ser dizimado por uma hecatombe atômica!
E estes conquistadores arbitrários de todos os tempos, estes guerreiros ferozes e insaciáveis, estes governantes insensíveis e prepotentes, nada legaram à posteridade.
Tiveram o poder de vida e morte em suas mãos, césares de todas as épocas, foram louvados por vermes bajuladores, foram invejados e odiados, foram temidos, mas jamais amados. E desapareceram em meio ao pó dos tempos, ruíram juntamente com os impérios conquistados e tombaram com as fortalezas por eles próprios erguidas e por eles mesmos julgadas imbatíveis!
E nada de grandioso, nada de importante e de significativo, nada de bom e fraterno acrescentaram à História.
O programa de Jesus
No entanto, um Homem que esteve entre nós há dois mil anos, cujas únicas armas eram o Amor, a Humildade, a Mansuetude e uma infinita capacidade de perdoar, revolucionou o mundo, e sua imagem, suas palavras, seu exemplo, permanecem ainda vibrantes nas mentes e nos corações dos terrícolas.
Jesus, embora fosse um Espírito arcangélico que por 33 anos esteve no plano denso e sufocante da Terra, viveu junto aos seus irmãos terrenos sem privilégios especiais e sem recorrer a prerrogativas do mais Alto, lutou na vida humana com as mesmas armas e os mesmos recursos para tornar sua missão viva e marcante pelo penhor de seu exemplo. Vivenciou ele cada uma de suas lições, mostrou em cada um de seus atos que o ser humano pode vencer a batalha da evolução espiritual desde que se empenhe na suprema luta do burilamento interior. Jesus sempre viveu em si mesmo seus ensinamentos e seus conceitos redentores para poder assim acelerar o ritmo da caminhada ascensional da Humanidade terrestre.
Seu programa na Terra destinou-se à libertar tanto lobos como cordeiros, publicanos e santos, ateus e crentes, bons e maus, ricos e pobres.
E este programa está consubstanciado em seu Evangelho, Código Moral de suprema perfeição, Constituição cujas leis se destinam a estabelecer o Reinado do Amor entre os homens.
Revolucionário
Jesus veio para substituir o ódio e o sentimento de vingança contidos na Pena de Talião – “Olho por olho, dente por dente” – em que o indivíduo tomava a lei em suas próprias mãos como um direito a ele legado, pelo princípio sublime de que não se deve fazer ao próximo o que não se deseja para si mesmo. Ou ainda, para ensinar que todo mal que se praticar reverterá contra seu próprio autor, pois “quem com ferro fere, com ferro será ferido”.
Veio para dizer que Deus não castiga suas criaturas, mas sim, que é o próprio homem o agente e o paciente de seus atos; ou seja, a “punição” que lhe é imposta é consequência de erros cometidos por ele mesmo.
Veio para esclarecer que Deus é sumamente Justo e Bom, Pai amantíssimo, sem nenhum traço de rancor, de ira, de dureza, não mais o implacável inquisidor, conforme a imagem antopomórfica que Moisés dele precisou plasmar.
Jesus veio para ensinar que não existem penas eternas nem eterna contemplação em berço esplêndido.
Este Revolucionário do Amor, veio, finalmente, para sintetizar todos os mandamentos na máxima da mais absoluta sublimidade: “Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”!
JOÃO DUARTE DE CASTRO no livro A vida numa colônia espiritual – estudo do livro Nosso Lar, de André Luiz