RICARDO ORESTES FORNI é formado em medicina. Com especialização em anestesiologia e pós-graduação em medicina do trabalho e do tráfego, é médico do Estado de São Paulo. É autor de romances (como O anjo da guarda), contos e lições (como A cura pela fé), o estudo O amor pelos animais, de autoajuda (Sorria: você já é feliz e Herdeiros da imortalidade) e também da biografia Triunfo de uma alma – recordações das existências de Yvonne do Amaral Pereira¸ todos publicados pela EME. Confira na entrevista abaixo mais detalhes sobre Elos de ódio, seu novo romance:
O que o motivou a escrever Elos de ódio?
Em mais uma de suas brilhantes palestras, o eminente tribuno brasileiro Divaldo Pereira Franco, narrou com a sua sensibilidade única uma história real ocorrida entre determinados Espíritos envolvidos na lei de semeadura e colheita proporcionada pela reencarnação. A história nos sensibilizou a tal ponto que surgiu a ideia de romancear o fato real para que as lições contidas chegassem ao maior número possível de alunos da escola da Terra. E assim o fizemos dando aos fatos como já dissemos e enfatizamos, a conotação de romance. Creio ser dispensável dizer, mas preferimos fazê-lo, de que nenhuma narrativa possibilita a identificação dos envolvidos.
O que o leitor encontrará neste romance? Faça-nos uma resenha.
O leitor encontrará no romance a exposição dos defeitos e virtudes que ainda caracterizam os Espíritos reencarnados na abençoada escola desse planeta que a misericórdia de Deus nos oferece. Encontrará um desfilar do orgulho, da vaidade e do egoísmo, a par do amor que proporciona a caridade que determinados Espíritos já adquiriram na sua estrada evolutiva, permitindo que os desprezados pelo orgulho e egoísmo de alguns sejam amparados pelo doar-se incondicionalmente de outros. Assim procedendo, resgatam o passado de quedas que vamos deixando em nosso caminho evolutivo em busca da liberdade e da paz de consciência.
Na introdução de Elos de ódio você fala em “pessoa bomba”. O que seria isso?
Usamos a citação da “pessoa bomba” relembrando a realidade dos nossos infelizes irmãos que cobrem seu corpo de explosivos para destruir um local e fazer as consequentes vítimas da explosão, porque o ódio age de maneira semelhante. O corpo mais destruído, por razões óbvias, quando ocorre uma explosão por esse meio,é exatamente aquele que carrega os explosivos. Com o ódio ocorre o mesmo. Quando alguém odeia a outrem, a maior vítima é aquele que odeia como se nele explodisse uma bomba de alto poder destrutivo que afeta primeiro o autor desse sentimento. Por isso mesmo, quem perdoa, beneficia-se em primeiro lugar a si mesmo e não ao outro como muitos, infelizmente, interpretam incorretamente e por isso mesmo, negam-se a perdoar.
O sentimento de ódio estaria mais ligado ao ego ou ao nível de evolução espiritual do ser?
Como herdeiros de nós mesmos como nos ensinam os Espíritos superiores, fica fácil de entendermos que se trata da posição evolutiva de cada Espírito imortal que ainda não eliminou defeitos colocando em seu lugar as qualidades que é o objetivo pelo qual fomos todos criados por Deus.
De que maneira o sentimento de ódio pode atrapalhar a nossa reforma íntima?
Todo defeito preenche um espaço com energias negativas que se opõe e resistem contra as virtudes que devem caracterizar o homem novo, impedindo ou dificultando que elas venham aninhar-se em seu íntimo. Representam barreiras interiores que precisam ser removidas para que o bem triunfe como espera e confia o Criador de cada um de nós.
Quando uma pessoa tem um comportamento muito agressivo e este comportamento a faz sofrer, além de fazer sofrer as pessoas em sua volta, não será o nosso dever mostrar a ela seu erro?
Devemos mostrar a “ferida” e medicá-la com o bálsamo da caridade sem, contudo, introduzir nosso “dedo” na mesma. A consciência de cada um está plenamente apta a localizar onde se encontra o mal que deve ser erradicado com o auxílio que pudermos proporcionar sem ferir, simplesmente porque essa consciência é um reflexo de Deus em cada uma das suas criaturas.
Entretanto, quando mostramos a determinadas pessoas que a sua maneira de agir está errada, somos criticados por estarmos sendo críticos. Como mostrar a essas pessoas que estamos criticando a ação e não a pessoa?
Pois é. Quando criticamos introduzimos nosso “dedo” na ferida alheia e podemos provocar a reação dessa pessoa que acaba por colocar “dedo” dela nas inúmeras feridas que transportamos, transformando nossa atitude numa guerra de proporções desagradáveis e nociva. A solução é procurarmos sempre nos lembrarmos de Jesus perante as muitas pessoas que o procuraram portando defeitos graves, sem que tenham sido por uma única vez criticadas, mas apenas aconselhadas em mudar de conduta para que não continuassem a conviver com o sofrimento. No episódio da mulher adúltera que ia ser apedrejada vemos bem esse exemplo. Jesus cita vários defeitos daqueles homens que ali estavam para executar a pena prevista pelas Leis antigas, deixando que cada um deles vestisse a carapuça e se afastasse repensando suas atitudes.
Em Elos de ódio, Afonso é um marido bastante agressivo. Este tipo de comportamento está sempre relacionado com as vidas passadas?
Existem duas palavras extremamente perigosas de serem empregadas. São elas: “sempre” e “nunca”. Se o Espírito avançou na sua evolução, ele pode perfeitamente perante os ecos do passado agir e reagir com a virtude do perdão que soube conquistar, sem a necessidade de sintonizar com as mazelas anteriores que foram deixadas pelo caminho evolutivo, banidas que foram pela força do perdão.
Como podemos diferenciar, num processo comportamental agressivo, quando é de fundo do próprio psiquismo da pessoa ou uma influência externa, a chamada obsessão?
Todo momento de desequilíbrio a que damos oportunidade, é um convite que fazemos às inteligências desencarnadas voltadas para o mal para que se associem a nós, assim como quando deixamos nossa casa aberta convidamos aos “amigos do alheio” para que venham se aproveitar da nossa falta de cuidado. De tal forma que, no início do “jogo” somos aqueles quem dá o ponta pé inicial. Jesus conviveu com tantas pessoas desequilibradas e nunca se contaminou com nenhum comportamento não recomendável.
No caso do ódio movido pela obsessão, como resolver? Existiria alguma fórmula para que não nos deixemos envolver ainda mais com esse tipo de ação obsessiva?
A melhora sincera do obsediado, mesmo que leve tempo demorado acaba por convencer ao obsessor que ali não existe mais campo para a sua ação malfazeja. Quando curamos a ferida, as moscas se afastam automaticamente.
Sendo o perdão um bom remédio contra o ódio, o que fazer quando perdoamos, mas o ofensor não?
O real e maior problema é perdoarmos e não sermos perdoados. O maior mal que podemos fazer a nós mesmos é o mal que fazemos ao próximo. Da mesma forma, o maior bem que fazemos a nós mesmos é o bem que fazemos ao nosso semelhante. Portanto, nosso problema é perdoar sem a preocupação de sermos perdoados. Quem perdoa abre a porta da prisão e vai em paz. Quem não perdoa fecha a porta da prisão e permanece dentro dela pelo tempo que necessitar para compreender que é o autor da própria infelicidade.
Como proceder quando sabemos que tentar a reaproximação com quem nos odeia certamente acarretará mais ressentimentos?
Se o ressentimento nascer em nós, o problema será nosso e a obrigação de buscarmos a solução será de nossa responsabilidade. Se tudo fizermos para que a paz se estabeleça, mas o ressentimento permanecer no outro, com ele também ficará o problema e a responsabilidade de buscar a solução.
Que mensagem deixaria para quem nos lê agora?
A cada dia em que despertarmos no corpo físico, que isso não seja interpretado como um fato corriqueiro e que se repetirá sem fim. O desencarne é o fato mais certo da vida física. Por isso mesmo, a valorização dessa oportunidade de estarmos em um corpo perecível não pode ser banalizada porque seremos surpreendidos pela morte. Agradeçamos a cada manhã por continuar no corpo com as oportunidades renovadas de progredirmos colocando em prática as orientações de Jesus contando com o apoio de toda a plêiade de Espíritos que nos socorrem em nome Dele.
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