Logo na abertura do livro Quando o amor é o remédio, ditado ao médium Pedro Santiago, Dizzi Akibah sentencia: “A liberdade é um dos maiores patrimônios do ser espiritual.”
“Por falta de simples observações, tantas vezes desprezamos os ensinamentos de Jesus e nos apressamos em conceituar o que ainda não nos demos ao trabalho de conhecer; julgamos sem as devidas possibilidades; e negamos o perdão, como um ato de amor, desprezando a oportunidade de querer para os outros aquilo que desejamos para nós mesmos, como disse um dia o doce Rabi da Galileia”, comenta ainda o autor espiritual.
Dizzi Akibah resolve abordar o tema da homossexualidade, tão falado na atualidade, e na introdução explica que “o personagem principal da obra sofre, durante um grande período da sua reencarnação, um dos piores preconceitos, que vem sendo há muito alimentado pelas mentes que ainda não têm a devida compreensão de que todos nós, como aprendizes da vida, erramos, cometemos sérios enganos e que, na hora do retorno, necessitamos de um ombro amigo para o necessário apoio e da paciência de alguém ao abrimos as comportas da alma”.
Tema abordado por alguns autores espíritas, mas ainda muito polêmico, não foi tratado diretamente por Allan Kardec. Na Revista Espírita de janeiro de 1866, porém, o codificador faz alguns comentários que se aplicam.
“Sofrendo o espírito encarnado a influência do organismo, seu caráter se modifica conforme as circunstâncias e se dobra às necessidades e exigências que lhe impõe esse mesmo organismo. Esta influência não se apaga imediatamente após a destruição do envoltório material, assim como não perde instantaneamente os gostos e hábitos terrenos. Depois, pode acontecer que o espírito percorra uma série de existências no mesmo sexo, o que faz que, durante muito tempo, possa conservar, no estado de espírito, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa. (…)
Se essa influência se repercute da vida corporal à vida espiritual, o mesmo se dá quando o espírito passa da vida espiritual à vida corporal. Numa nova encarnação ele trará o caráter e as inclinações que tinha como espírito. (…) Mudando de sexo, sob essa impressão e em sua nova encarnação, poderá conservar os gostos, as inclinações e o caráter inerentes ao sexo que acaba de deixar. (…)
Não existe, pois, diferença entre o homem e a mulher, senão no organismo material, que se aniquila com a morte do corpo; mas quanto ao espírito, à alma, ao ser essencial, imperecível, ela não existe, porque não há duas espécies de almas. Assim o quis Deus em sua justiça, para todas as suas criaturas. Dando a todas um mesmo princípio, fundou a verdadeira igualdade.”
Em seu livro Vida e sexo, de 1970, o espírito Emmanuel aborda diretamente o tema da homossexualidade, num texto lúcido e objetivo.
“A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação.
Observada a ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria heterossexual, do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai crescendo de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos às criaturas heterossexuais.
A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos. (…)
A vida espiritual pura e simples se rege por afinidades eletivas essenciais; no entanto, através de milênios e milênios, o espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas. (…)
À face disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a masculina ou vice versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese ao corpo de formação masculina que o segregue, verificando-se análogo processo com referência à mulher nas mesmas circunstâncias. (…)
O homem que abusou das faculdades genésicas, arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de uniões construtivas e lares diversos, em muitos casos é induzido a buscar nova posição, no renascimento físico, em corpo morfologicamente feminino, aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, e a mulher que agiu de igual modo é impulsionada à reencarnação em corpo morfologicamente masculino, com idênticos fins.
E, ainda, em muitos outros casos, espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e, consequentemente, na elevação de si próprios, rogam dos instrutores da vida maior que os assistem, a própria internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem. Escolhem com isso viver temporariamente ocultos na armadura carnal, com o que se garantem contra arrastamentos irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a perseverarem, sem maiores dificuldades, nos objetivos que abraçam.
Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual.
E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de justiça e misericórdia.”
Emmanuel finaliza ao dizer que isso acontece “porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um”. E ele mesmo lembra, de maneira assertiva, no primeiro capítulo da obra: “Ante os problemas do sexo, é forçoso lembrar que toda criatura traz os seus temas particulares, com referência ao assunto”.
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