Domingo, “Dia dos Pais”. Distraidamente, folheio a revista semanal e me deparo com uma coluna dedicada a essa figura. Quem a assina é um jovem astro da televisão. Passo os olhos no texto, me detenho aqui e ali, e me surpreendo ao constatar que ele é um pai à antiga. Para começar, tem quatro filhos, atualmente, quando a média é dois por casal. E depois, é daqueles que os reúne diariamente em torno da mesa de jantar, esforçando-se para que aquele seja um espaço no qual o celular fique de fora e em que todos buscam manter o foco na conversa, na intimidade, na relação.
Agora, mais interessada, leio o artigo na íntegra e termino admirada em saber que, a despeito de toda a magia da tecnologia que encanta jovens e crianças, ainda há pais que conseguem se fazer presentes e deixar suas marcas na vida de seus filhos. Pais que valorizam a relação face a face, que brincam, orientam e educam.
Mas há, no texto, um valor que se destaca sobremaneira: a renúncia aos prazeres que a vida de solteiro lhe proporcionava, em favor de uma convivência mais estreita com os filhos. E o paralelo surge espontaneamente na minha mente. Eu e meus seis irmãos também tivemos a felicidade de ter um pai assim. Um chefe de família que cuidava sozinho do sustento de todos, e não media esforços para estar presente à mesa do jantar. Ali, as conversas sobre as histórias familiares eram tecidas devagarinho, dando-nos a oportunidade de trabalharmos nossos sentimentos de admiração, compaixão e respeito pelos que nos antecederam.
Das narrativas ouvidas, despontavam personagens batalhadores e dignos: nossos avós, tios-avôs, tias-avós… Do lado materno, a figura da avó nascida em família espírita, sempre pronta a ajudar ao próximo, se fazia viva e amada nas lembranças saudosas da minha mãe. E do paterno, destacava-se o emigrante libanês, cordial e agregador, que não media esforços para levar seus filhos a realizar seus sonhos profissionais. Foi ouvindo essas narrativas que todos nós aprendemos de cor a lição da renúncia e sacrifício dada pelo meu pai. Filho mais velho, foi para o balcão da loja, ajudar o meu avô, a fim de que os irmãos pudessem se tornar doutores. E, na sua fala, percebia-se o quanto se orgulhava do seu gesto e desses irmãos.
Esse mesmo espírito de renúncia em favor do próximo foi posto à prova anos mais tarde quando, com os filhos já crescidos e desfrutando uma vida confortável na cidade onde a família plantou raízes, lugar modesto e acanhado, entendeu que deveria se transferir para uma cidade grande, a fim de que os filhos pudessem obter diploma de curso superior. Deixando tudo para trás, pavimentou o caminho por onde cada um de nós caminhou rumo à conquista da carreira profissional.
Para além dessas lições de renúncia, recebemos na convivência diária com os nossos pais, sem nos darmos conta do tesouro que íamos acumulando, os mais formosos ensinamentos de moral cristã, os mais belos exemplos de solidariedade e amor ao próximo. Até mesmo nas rixas e refregas tão frequentes entre nós, quando na infância ou adolescência, a direção serena e segura dos nossos pais se fez presente, apontando-nos o caminho da harmonia, da tolerância e da verdadeira e eterna amizade.
Assim devem ser os pais, não importa em que latitude ou momento histórico se encontrem. À família é reservado um papel de desenvolver as potencialidades dos espíritos que lhe foram entregues, como assevera o Benfeitor Camilo, em Minha família, o mundo e eu, obra psicografada por Raul Teixeira:
Sabes, então, que tens compromisso firmado, desde o Além com as almas que te caberá receber como filhas no novo lar. A Tua programação espiritual junto deles tem por escopo fazê-los aprimorar-se naquilo em que se mostram frágeis, conquistar os valores que lhes enriquecerão as almas, ao mesmo tempo em que tu mesmo progrides na escolaridade informal a que te vão submeter.
Os filhos precisam de mãos firmes, passos seguros, abrindo estradas amplas e retas por onde eles passarão. E tudo fica mais fácil quando se tem os ensinamentos evangélicos como norte.
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