CIENTISTAS ESTUDAM REENCARNAÇÃO E COMUNICAÇÃO COM O ‘ALÉM’

EQM

Progresso de leitura

Ian Stevenson nasceu em 1918. Canadense, formou-se em história antes de estudar bioquímica e psiquiatria na Universidade McGill. Foi chefe do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia por dez anos, até 1967. Foi nesta década que ele se mostrou desiludido com a medicina convencional e sentiu-se atraído pelo estudo de vidas passadas.

“Nem a psicanálise, nem o behaviorismo, nem a neurociência me satisfizeram. Parecia-me que faltava alguma coisa”, revelou ele em uma entrevista ao The New York Times em 1999.

Stevenson renunciou ao seu cargo no Departamento de Psiquiatria e, com o apoio financeiro de Chester Carlson, inventor da tecnologia por trás das fotocopiadoras Xerox, começou a registrar o que ele chamou de potenciais “casos do tipo reencarnação” (CORT).

Kenneth Crispell, reitor da Faculdade de Medicina da época e defensor da liberdade acadêmica, concordou com a formação de uma pequena divisão de pesquisa parapsicológica naquela instituição – a Divisão de Estudos Perceptivos (DOPS, em inglês), fundada em 1967. Atualmente, além do DOPS, existem apenas alguns laboratórios no mundo que possuem linhas de pesquisa semelhantes, como a Unidade de Parapsicologia Koestler da Universidade de Edimburgo, por exemplo.

Nos primeiros anos do departamento, Stevenson viajou extensivamente ao redor do mundo e registrou mais de 2.500 casos de crianças que diziam se lembrar de vidas passadas. Apesar de todo esse trabalho meticuloso, ele estava ciente das limitações da pesquisa de vidas passadas.

Stevenson aposentou-se do DOPS em 2002 e, apesar de acompanhar os procedimentos de longe, orientando quando solicitado, nunca mais pisou na divisão. Em 2007, Ian morreu de pneumonia, aos 88 anos de idade.

Mas o trabalho continua.

Todos os anos, o DOPS recebe mais de cem e-mails de pais sobre algo que seus filhos disseram sobre vidas passadas. A seriedade nas investigações reflete a esperança dos investigadores de que a ideia de que a mente sobrevive à morte corporal seja mais bem compreendida nos próximos anos e levada mais a sério. Para eles, uma maior aceitação de que a vida é um ciclo contínuo pode ter um efeito positivo na forma como vivemos.

Esta visão é compartilhada por Geziel Andrade, autor do livro Espiritismo e experiências de quase morte: “A visão espiritualista de que a verdadeira vida para a alma ou consciência está no grandioso e maravilhoso lado espiritual do Universo fortalece os laços espirituais e morais imperecíveis, estabelecidos entre as pessoas. Então, os laços consanguíneos e os de interesses materiais passam a ser vistos como transitórios e perecíveis a qualquer momento”, escreve Geziel, que desde 1986, dedicou-se com grande interesse à análise atenta das ocorrências contidas nos casos de experiência de quase morte (EQM), que encontrava em livros e artigos de revistas e jornais.

“Constatei, então, cada vez mais, a grande coincidência, ou similaridade, que existe entre as narrativas que os espíritos fazem, através de médiuns autênticos, após a sua entrada na vida espiritual, em decorrência da morte do seu corpo material, em comparação com as ocorrências marcantes, acontecimentos grandiosos ou vivências complexas, que são descritos por milhares de pessoas idôneas, em diversas partes do mundo, que se viram sair do corpo material e passar por muitas experiências inusitadas na dimensão espiritual, em decorrência do corpo material ter ficado morto por algum tempo ou ter se aproximado muito do momento da morte”, explica o autor.

O resultado deste longo período de buscas, observações, análises, constatações e comparações, é o já citado Espiritismo e experiências de quase morte, livro que procura trazer ao leitor, de forma clara e simples, mas detalhada e abrangente, “os resultados dos estudos dos casos de desencarnação da alma, existentes no meio espírita, em decorrência da ampla literatura já publicada sobre o assunto, em confronto com os resultados das pesquisas dos casos de experiência de quase morte (EQM), que foram realizados e publicados por pesquisadores, estudiosos e divulgadores, em diversas partes do mundo”.

Atualmente o DOPS está procurando um novo diretor. De acordo com anúncio de emprego publicado pela Faculdade de Medicina, além de reputação acadêmica, o candidato ideal para substituir Tucker deve ter “um histórico de pesquisas rigorosas sobre experiências humanas extraordinárias, como a relação da mente com o corpo e a possibilidade de que a consciência sobreviva à morte física”.

Certamente, Geziel Andrade poderia se candidatar ao cargo.

GEORGE DE MARCO é é jornalista-redator das publicações periódicas da Editora EME

Fonte: O Globo