CHUVA NO TELHADO, CANTIGA DE NINAR E ABELHAS

Progresso de leitura

 

Eu perdi o meu medo, o meu medo da chuva.

Pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar.

Aprendi o segredo, o segredo da vida,

vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar.

(Raul Seixas)

 

Quando criança, que delícia brincar na chuva, nadar com chuva. Chuvas são a forma como a água retorna para a superfície terrestre, cumprindo etapa do ciclo hidrológico. E a chuva no telhado é uma cantiga de ninar, de extasiar.

Sem a chuva, nada cresce, pois todos nós precisamos da água. Às vezes temos que aceitar as tempestades, que nos deixam alertas, mas trazem o precioso líquido que a tudo sustenta, dos peixes às aves, nosso ar e ambiente, e nossa vida – água, que bênção!

Abelhas

Nos dias de vento e frio, percebi que os pássaros, na natureza, não bebem quase água. Já quando falta chuva, eles secam os bebedouros artificiais que coloco em espaços da Editora EME.

Inclusive um fenômeno (para mim estranho), que dificilmente ocorre: as abelhas vêm em grupo beber água também ali, disputando com as aves.

Por acaso, lendo uma reportagem sobre os animais sociais, fiquei sabendo que para resfriar uma colmeia, as abelhas utilizam a evaporação da água, um processo eficiente, porque absorve grande quantidade de calor ao ocorrer. Elas expõem a água, na forma de películas, em suas mandíbulas, ou gotículas espalhadas pela colmeia, a uma corrente de ar provocada por elas mesmas, com o bater de suas asas. Dessa forma, conseguem sobreviver em ambientes muito quentes, desde que haja água suficiente disponível.

Minha indagação é: como elas descobriram essa solução? Já que são apenas instintivas, porém têm essa originalidade… Só mesmo a patente inteligente do Programador Divino.

Numa entrevista feita pelo doutor Dráuzio Varella, ele indaga de seu entrevistado: “Você diz que a evolução criou, no cérebro, um centro de recompensa ligado diretamente à sobrevivência da espécie. As abelhas, quando pousam numa flor e encontram néctar, liberam um mediador chamado octopamina, neurotransmissor presente nas sensações de prazer. Esses mecanismos são bastante arcaicos?”

Vem a resposta do médico psiquiatra e professor da UFESP, doutor Ronaldo Laranjeira: “O sistema de prazer é muito primitivo. É importante para as abelhas e para os seres humanos também”.

Chuva

Em tudo parece corresponder essa ideia com a evolução das espécies de Darwin e com a evolução dos espíritos por Allan Kardec: “É assim que tudo tem serventia, tudo se encadeia na Natureza, do átomo primitivo ao arcanjo, que também começou sendo átomo. Admirável lei de harmonia, da qual teu espírito limitado ainda não pode apanhar o conjunto”¹.

Assim, um dia de chuva é tão belo como um dia de sol, e a beleza de ver o arco-íris, só desfrutamos com chuva e sol.

Finalizemos com o bom humor que lembra do esforço e do contínuo acreditar e trabalhar, pelo “poetinha” Vinícius de Moraes: “Quer? Então faça acontecer, porque a única coisa que cai do céu é a chuva”².

 

ARNALDO DIVO RODRIGUES DE CAMARGO, diretor da Editora EME

 

¹O Livro dos Espíritos (Allan Kardec – Editora EME)

²Vinicius de Moraes, o “poetinha”, apelido dado pelo seu grande parceiro Tom Jobim, com quem escreveu a música brasileira mais famosa do mundo e um dos ícones da Bossa Nova, Garota de Ipanema.