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Opinião Doutrinária

TRAGÉDIA NA CRECHE AQUARELA: “O MAL EXISTE E TEM UMA CAUSA”

por editoraeme 14/05/202113/05/2021
Escrito por editoraeme 14/05/202113/05/2021
TRAGÉDIA NA CRECHE AQUARELA: “O MAL EXISTE E TEM UMA CAUSA”

O conhecimento das leis naturais colabora com a educação da não violência

Vinicius de Moraes e Toquinho compuseram juntos mais de 120 canções, gravaram em torno de 25 discos e fizeram mais de mil apresentações.

Na década de 70, Vinicius era um dos diretores da novela Fogo Sobre Terra, da Rede Globo e ambos criaram a canção Uma rosa em minha mão, trilha da personagem Chica Martins, interpretada por Dina Sfat (1938-1989).

No início da década de 80, o músico italiano Maurizio Fabrizio veio até o Brasil para trabalhar com Toquinho e apresentou ao brasileiro uma música que tinha acabado de compor cuja melodia era bem parecida com a de Uma rosa em minha mão.

Toquinho, então, decidiu unir as duas músicas. Guido Moura escreveu a letra em italiano, recebendo o título de Acquarello e gravada por Toquinho na Itália em 1983. Rapidamente, a música alcançou o primeiro lugar nas rádios daquele país.

“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)”

Devido ao enorme sucesso, Toquinho decidiu gravar uma versão em português, fazendo uma tradução literal da letra italiana. Logo após o lançamento, a música foi escolhida para ser a trilha de uma propaganda de TV de uma empresa de lápis alemã e fez tanto sucesso que Aquarela não apenas se tornou um fenômeno nacional como, também, a canção mais bem-sucedida da carreira de Toquinho.

Em sua letra extensa e sem refrão, Aquarela trata da capacidade que só a criança tem de fazer qualquer coisa se tornar um brinquedo, explorando a imaginação em toda a sua plenitude, cruzando fronteiras e descobrindo os quatro cantos da Terra.

Este potencial imaginativo da criança traçado pela canção foi que levou uma creche da cidade de Saudades, em Santa Catarina, a adotar Aquarela como nome da instituição voltada para pequenos entre seis meses e dois anos de idade.

No dia 4 de maio deste ano, porém, as cores da aquarela, tão importantes no universo infantil, descoloriu-se tal qual a letra da canção  quando um jovem invadiu a escola e atacou todos os que se encontravam à sua frente, fossem adultos ou crianças, deixando cinco mortos.

“E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)”

Por trás desta tragédia catarinense, mas que atinge a todos brasileiros, existe uma combinação de fatores altamente explosivos. Entre eles, uma aparente incapacidade do homem moderno de compreender o espírito de sociedade.

Estando a evolução do homem subordinada à vida em sociedade, os atos de violência surgem do conflito entre pessoas. Esse contato diário com os atos extremados do ser humano torna a todos mais insensíveis. Desconsideramos as pequenas atitudes de violência. E violência exprime todo pensamento que exteriorize um sentimento contrário à lei do amor e da caridade. Pensamento complementado ou não por palavras e ações.

Diante de um mundo onde o mal parece sair vitorioso, fica fácil extravasar nossa violência de forma direta ou indireta. Um exemplo disso é o bullying. O termo inglês descreve atos de violência física (direta) ou psicológica (indireta), intencionais e repetidos. São praticados por um indivíduo (bully ou valentão) ou grupo de indivíduos (bullies).

De acordo com o delegado Jerônimo Marçal que investiga o ataque à creche Aquarela, o jovem assassino é “um rapaz problemático” que, segundo a família, não gostava de ir à escola, passava muito tempo no quarto jogando games, tinha pouca vida social e sofria bullying na escola.

Da mesma forma que ocorre em escolas, o bullying também se manifesta em qualquer contexto onde humanos interajam. Até mesmo em família.

A vítima de bullying fica ressentida, com baixa autoestima, e, sem o sentimento de pertencimento à comunidade na qual está inserida, pode se sentir atraída pela necessidade de se tornar “relevante” através de um ato de revolta contra esta mesma comunidade seja atentando contra sua própria existência e a vida alheia.

Em A gênese, Allan Kardec escreve no capítulo 3 que “o mal existe e tem uma causa”.  E destaca no item 6: “os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo”.

“Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (que descolorirá)”

Um dos maiores especialistas mundiais no estudo da civilidade, o italiano Piero Massimo Forni, afirmou em seu livro  Escolhendo civilidade: 25 regras de conduta atenciosa, que “se melhorarmos a capacidade de nos relacionar, teremos menos brigas, menos estresse e, consequentemente, menos pessoas doentes”.

Philippe Pinel

Em 1801, o médico francês Philippe Pinel, iniciador do tratamento médico da loucura, examinou um homem nobre que jogara sua esposa em um poço e constatou que ele não apresentava nenhuma doença mental.

Sigmund Freud, criador da psicanálise, estudou o comportamento irracional do indivíduo. Nos dias de hoje, estudiosos tentam associar a origem de certos comportamentos a causas genéticas e ambientais (o temperamento, herança genética, pouco alterado pelo ambiente, interage com o caráter).

O que todos eles descobriram? Que a violência é um comportamento ancestral. Segundo o estudo, a violência vêm sendo utilizada ao longo da história humana, desde os tempos das cavernas. E constituindo-se às vezes como  o melhor jeito de se conseguir alguma coisa, consequentemente ficou “impregnada” em nossos genes.

Mas não deixa de ser violência. É sempre o mal em ação, ainda mesmo quando pareça construir um atalho para o bem. Assim, os mesmos estudiosos acreditam que o melhor para a raça humana seja a prática do altruísmo, tendo como meta a irrestrita felicidade global, enquanto contestam a validade de uma sociedade voltada tão somente para o consumo material.

Isto não é novidade para os espíritas. Segundo o Espírito da Verdade (item 785 de O livro dos espíritos), o maior obstáculo ao progresso moral é o orgulho e o egoísmo. Ambos caracterizam o sentimento ainda muito imperfeito que, aliado à ignorância das leis naturais e seus mecanismos de atuação, originam as ações contrárias a essas mesmas leis constituindo a violência. Devemos, consequentemente, combater a nossa violência interior em todas as suas formas e intensidades. Muitas vezes achamos que não fazemos mal a ninguém. Porém, nossa impaciência, irritação e nossos pensamentos infelizes agridem ao próximo. Também agredimos a nós próprios diariamente, através do consumo de fumo, bebidas, remédios e alimentos inadequados ou exagerados, atacando nosso campo emocional e psíquico.

“Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá”

Sempre contemporâneo, apesar de seus mais de 160 anos de vida e de ser constantemente exposto a conceitos absurdos por ‘falsos profetas’, o espiritismo continua sendo um ótimo guia de boa convivência, como resultado por seguir sem afetação os ensinamentos daquele que, um dia, afirmou que os brandos são bem-aventurados, pois possuirão a Terra. Ou seja, certamente a justiça será feita, o fraco e o pacífico já não serão explorados nem esmagados pelo forte e pelo violento. Devido a lei do progresso e acima de tudo pela promessa de Jesus, a Terra se tornará mundo ditoso, por efeito do afastamento dos maus.

Ao final de Aquarela, o futuro chega “sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar”. Diferente da imaginação, o futuro não pode ser controlado por nós – e ele pode ser bom ou não. Durante toda a canção, a caminhada da vida é mostrada de um jeito positivo, belo, mas, enfim, de forma inevitável, o desenho desbota, descolore.

O conhecimento espírita oferece diversas medidas preventivas para evitar que o sofrimento surja em consequência da lei de ação e reação. Se o fato de se possuir algum conhecimento das leis naturais não assegura a ninguém manter um comportamento equilibrado, tal conhecimento, porém, colabora com a educação da não violência em nossas crianças, por exemplo. Como alerta o pediatra Richard Tremblay, da Universidade de Montreal, na Revista Science: “Não é saber como as crianças aprendem a agredir. É saber como elas aprendem a não agredir”.

 

 

GEORGE DE MARCO é jornalista-redator das publicações periódicas da Editora EME

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