Progresso de leitura

Fome (do latim faminem) é o nome que se dá à sensação fisiológica pela qual o corpo percebe que necessita de alimento para manter suas atividades inerentes à vida.

Gostaríamos de considerar duas outras dimensões da fome que sofremos na condição de seres humanos: a fome emocional ou psicológica e a fome espiritual.

A fome física, conforme vimos acima, é uma sensação fisiológica, uma necessidade de ingerir alimentos para a sobrevivência do corpo físico. A fome emocional ou psicológica é a fome que nos faz engordar. As pessoas são atraídas pelos alimentos porque isso produz prazer. Ledo engano! O prazer que se sente em comer não resolve a fome emocional.

A maior de todas as fomes

A fome espiritual é ainda mais complexa porque exerce ascendência sobre as demais fomes, ou seja, se a criatura não atender sua fome espiritual, sua fome emocional será ainda maior.

A fome espiritual é a que mais nos interessa aqui; é a razão destas reflexões. Quando a maioria dos homens dominar a fome espiritual, a humanidade vencerá a dor e construirá a felicidade definitiva na Terra.

A fome espiritual diz respeito à necessidade de compreender o sentido da vida.

Sem respostas, o ser fica se sentindo acuado, rejeitado por si mesmo, com dificuldade para entender a razão do sofrimento e da dor que acontecem em sua própria vida e ao seu redor. Esse tipo de solidão provoca no indivíduo a maior de todas as fomes: a fome de justiça.

Ao longo da história, a criatura humana tem demonstrado dificuldade em construir um mundo mais justo, tendo em vista a estatística que revela ter o mundo ainda um bilhão de pessoas passando fome.

Como diz o saber popular, temos escrito a nossa evolução com sangue, suor e lágrimas! Assim, podemos ponderar que, se os códigos criados pelo homem e suas aplicações não conseguem saciar a fome de justiça, em qual fonte ele deve buscar o alimento para esse tipo de fome?

Boa notícia

A boa notícia trazida pelo moderno espiritualismo é que a Justiça Divina é diferente da justiça dos homens. Ela não prevê punições, nem morte para o culpado. Ela esclarece que a recuperação e a absolvição do réu são possíveis em curto ou em longo prazo, dependendo exclusivamente dele, porque identifica o seu erro como resultado das suas escolhas com base na ignorância que o caracteriza.

Deus realiza a sua justiça escrevendo em nossas consciências as consequências de nossos atos. Todas as ações praticadas ficam registradas no corpo espiritual do indivíduo. Dessa forma, fica fácil compreender a causa de todas as suas aflições. Em resumo, o ser humano é herdeiro de si mesmo. Não existe punição divina, o homem pune a si mesmo quando ignora as leis inscritas em sua própria consciência.

A chave principal desse entendimento está na reencarnação. Como a vida é uma só, mas as existências são muitas e estão todas interligadas com noção de continuidade, os erros cometidos em uma existência refletem na outra.

Não há uma só dor sem causa. Se a causa da dor não está na vida presente, há que estar em uma das existências passadas. Essa tese de que recebemos a vida formada por múltiplas existências aqui na Terra, ou em outro planeta habitado, resolve a nossa fome de justiça, porque sabemos que, se hoje escolhermos erradamente, teremos a chance de reparar as nossas escolhas equivocadas em uma nova oportunidade.

Dor & Amor

A partir desse entendimento, olhamos a dor como uma necessidade pedagógica, porque ensina e desafia a inteligência humana a compreender a justiça. Mas as soluções, que são feitas de escolhas, sempre se apresentam com dois lados, como uma moeda. De um lado a dor, do outro lado o amor. Se caminharmos distraídos, distanciados do verdadeiro valor da vida, o lado da dor se apresenta. Se, no entanto, caminharmos com prudência, examinando os possíveis resultados de nossas ações, o amor se estabelece para evitar que repitamos os mesmos erros.

Os Imortais sugerem: coloque-se virtualmente no lugar do outro que irá sofrer a sua ação para se decidir se deve agir ou não. Simples assim!

Busquemos as palavras educadoras do Mestre do Amor para olharmos a vida e aprendermos a ver o seu verdadeiro sentido. Assim, a fome de justiça será totalmente saciada!

LEILA BRANDÃO, poeta, radialista, palestrante e escritora, no livro Fome de quê? (Adaptado)

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