ENTREVISTA – Cesar Crispiniano

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Progresso de leitura

CÉSAR AUGUSTO FÉLIX CRISPINIANO é natural do Estado do Piauí, onde nasceu em fevereiro de 1971.

Graduado em Administração de Empresas e em Letras (inglês) e pós-graduado em Publicidade, Propaganda e Marketing, em 1987, fundou o Grupo ESCALET de Teatro construindo, junto com outros amigos, o segundo maior teatro a céu aberto do Brasil: o Teatro Cidade Cenográfica, com quarenta e cinco mil metros quadrados. Situado na cidade de Floriano (PI), o local é utilizado todos os anos para a encenação da Paixão de Cristo, espetáculo que atrai milhares de turistas.

Espírita desde 1993, César desenvolve atividades em casas espíritas nos estados do Piauí e do Maranhão, além de psicografar livros por meio de sua mediunidade e proferir palestras. Pela EME lançou Reflexões diárias de Blandina e Confia & segue, ambos ditados pelo espírito Blandina. Já o romance Confissões de sabedoria e amor lhe foi ditado pelo espírito Marie Sophie que, agora, nos traz a história real de Zaqueu, como você confere na entrevista abaixo.

Qual a principal motivação para escrever Zaqueu e Jesus?

Relembrar os tempos vividos por Jesus quando esteve conosco, mantendo viva sua imagem, seus feitos, parábolas e histórias. Também trazer informações sobre um personagem muito importante do Evangelho, o publicano Zaqueu, figura ímpar do cristianismo.

Alguém o incentivou a desenvolver este trabalho?

O maior incentivo sempre vem dos espíritas que gostam de ler, principalmente romances. E da espiritualidade que ver na literatura oportunidade de esclarecimentos e evangelização dos povos. Os livros dão conta de retratar épocas, vidas, momentos que se perderam ao longo dos tempos ou foram esquecidos. E o livro espírita traz informações do mundo espiritual, como também, de fatos desconhecidos, saber disso sempre nos estimula.

Quanto tempo levou para concluir a obra?

Demos início à escrita da obra Zaqueu e Jesus em 2015, daí em diante, foram muitas noites e dias em seu aprimoramento para que a história chegasse ao leitor de modo fiel e autêntico.

Teve alguma surpresa ou dificuldade para realizar o livro? Quais?

A maior surpresa para mim foi perceber como a afinidade entre a minha pessoa, enquanto médium, e a de Marie-Sophie, o espírito comunicante, cresceu. Um compromisso assumido tempos atrás que agora temos a oportunidade de cumprir. Nunca será demais divulgar o Evangelho de Jesus. E transformar momento importantes em romance para que milhares leiam é tarefa que muito nos encanta pela oportunidade de também evoluir durante esse processo.

O que o espírito Marie Sophie deseja transmitir aos leitores com esta obra?

A oportunidade de percebermos o processo de transformação de um espírito sublime como Zaqueu. E como a perseverança no bem e o desejo constante de servir pode ser fundamental no caminho à perfeição. Zaqueu sobe alto para revelar sua vontade de ver mais longe, de também ser visto por Jesus. De olhar diferente, e, a partir daí, buscar novos meios de perceber o mundo à sua volta. Consequentemente, modificá-lo para melhor. Este é o principal motivo da escrita dessa obra.

Durante a psicografia, você teve contato com os personagens e com o ambiente da história?

Meu único contato foi com Marie-Sophie. Em diversos momentos tive visões de lugares; em outros, sonhei com situações, também senti o aroma de muitos ambientes. Tudo para que acreditasse no que escrevia e para observar como eram as casas, cidades, vielas da época, assim, fui mais fiel à escrita, retirando o máximo possível das minhas opiniões e visões próprias, para que as cenas chegassem ao leitores repletas de verdades. Não seria somente dizer a história, mas desenhar na mente do leitor os ambientes por onde Zaqueu passou.

A iniciativa do contato entre Zaqueu e Jesus parte do próprio Mestre, que não pede permissão a Zaqueu para pousar em sua casa, ele simplesmente diz: “hoje eu vou ficar em sua casa”. Jesus então já buscava por Zaqueu? Por que?

Jesus buscou todos que estavam comprometidos com sua missão sublime de transformar o planeta Terra pelo amor, não foi necessário que Zaqueu o buscasse. E quando assim foi feito, como foi o caso de Maria, de Magdala, ele a recebeu com afeto e serenidade, sem julgamentos. A missão de Zaqueu, que até hoje ainda a sentimos entre nós, de levar o Evangelho a todas as nações, estava unida à missão do Cristo, e isso por meio do exemplo, das atitudes renovadas no dia a dia. Zaqueu também já buscava Jesus e desejava mudança de conduta. Cristo tê-lo chamado por primeiro é um exemplo para todo aquele que deseja conduzir outros no caminho do bem. Sejamos os pastores convocando, conduzido e protegendo suas ovelhas.

No evangelho de Lucas, a história de Zaqueu termina com a confirmação por parte de Jesus que de fato havia sido o Mestre quem encontrou o chefe dos publicanos, e não o contrário. Isso confirma que Zaqueu seria uma “ovelha perdida”?

Temos pastores e ovelhas. O bom pastor é aquele que cuida e não deixa nenhuma de suas ovelhas se perderem. Mas é preciso compreender que ninguém está verdadeiramente perdido, os puros verão a Deus, e será de existência em existência que seremos limpos de coração. É dessa pureza que Jesus fala. Zaqueu dá um exemplo sublime, veio e se envolveu com muitos atos na Terra, ganância, ambição, vaidade, e quem não teve esses desejos um dia? Mas bastou um jantar com Jesus para que mudasse de postura. Quantas vezes somos convocados a esta mudança e nos negamos? Zaqueu diz claramente com suas atitudes que o convite já foi feio, mas a decisão de seguir o Cristo é nossa. Qualquer um pode se sentir perdido, mas quando compreende que cada chamado do Messias no Evangelho é também um chamado para nós, então tudo muda. O importante é saber ouvir e seguir.

E qual a importância de se resgatar esta “ovelha”?

Não foi somente buscar Zaqueu e transformá-lo pelo amor, mas deixar o exemplo para todos, isso foi o mais importante.

Ao declarar estar doando, naquele encontro com Jesus, metade de suas possessões aos pobres, Zaqueu não estaria tentando “comprar sua salvação”? Como analisar isso à luz do espiritismo?

Zaqueu sabia que a salvação prometida pelo Cristo vinha por meio da mudança de postura. Ele propõe a doação dos bens porque sabia que não bastava palavras escritas ou dita, mas somente seria suficiente a mudança de sentimento. Um novo coração deveria nascer ali.

Na mesma passagem, Jesus não apenas afirma que “a salvação entrou” na casa de Zaqueu como, também, declarou que Zaqueu era filho de Abraão. O que Jesus quis dizer com isto?

Gálatas 3:6-9 Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.

Um detalhe que chama a atenção é o fato do evangelista fazer questão de afirmar que Zaqueu subiu em um sicômoro, um tipo de figueira brava. Existe algum objetivo em detalhar isto? Qual?

Toda subida requer esforço, e esse esforço exige mudança de atitude, que se busque energia até então desconhecida para nós. Subir também significa destacar-se entre a multidão, sair da normalidade, buscar outros caminhos. Ver mais alto é ter visão holística. Naquele momento não era somente ver Jesus, mas mudar seu modo de perceber o amor se aproximando, e fazer dele seu novo modo de olhar as coisas.

Podemos afirmar que a lição final da história de Zaqueu é a necessidade da reflexão e do arrependimento? Neste caso, a reparação de uma falta pode ser compulsória ou o arrependimento é imprescindível?

A lição total de Zaqueu é dita para todos pela sua mudança de postura. Pela ausência do medo em querer seguir o Cristo, como todos devemos fazer. Pelo sentimento de, mesmo tendo se apegado demasiadamente à matéria, ser digno de servi o Cristo. Quantos de nós nos distanciamos do Evangelho por não se sentir dignos. Zaqueu deixa claro que sentimento de culpa não pode conduzir o verdadeiro fiel. A reflexão veio ao longo de sua vida como oportunidade de crescimento, não como descoberta de sua fragilidade. E o arrependimento veio como momento de mudança, momento de abrir-se às novas oportunidades que nos conduzam à perfeição.

Zaqueu mostrava-se insatisfeito com sua vida. Quando nos pegamos com este tipo de sentimento, significa dizer, necessariamente, que é a nossa consciência que está sinalizando uma infração, cometida por nós, à Lei de Deus?

Significa dizer que é preciso refazer caminhos, buscar novas portas, adentra por lugares ousados. Significa que algo no passado precisa ficar lá, que novos horizontes, com perspectivas mais amorosa devem se abrir. Será então que virão momentos amorosos, harmônicos, suaves, sublimes. Significa que o Cristo quer fazer parte de nossa vida.

E como saber se o sentimento de arrependimento não seria o sentimento do medo?

Mesmo que seja medo, mas quem não tem medo? E ter medo é condenável? Se for medo, que este seja bem-vindo. Vamos cuidar dele. Fazer dele aliado na nossa trajetória. E, sobretudo, criar coragem, porque nada nesta vida vem se não tivermos por primeiro o medo de ter coragem.

Que outras lições a história de Zaqueu nos trazem, dentro do ponto de vista espírita?

Aceitação. Porque ele foi aceitou por Jesus como era e, posteriormente, aceitou a todos, com eram. Aceitar sem cobrança, aceitar sem impor regras, aceitar somente por amor, e fazer dessa aceitação o caminho para a realização.

Que mensagem deixaria para nossos leitores?

Viva a cada dia um pouco desse ser chamado Zaqueu. E suba na tua árvore para que possa ver mais longe.

 

Para conhecer a história de Zaqueu e Jesus, clique na imagem abaixo: