Caridade e perdão: o trabalho que nos compete em nome da paz

White bird sitting on barbed wire fence

Progresso de leitura

Em um lago numa cidadezinha do Paraguai fenômenos estranhos acontecem. Foi nele que Alicia, mãe de Ceci, encontrou a morte, afogada. O povo da região dizia que o lago era mal-assombrado e tinham tanto medo que ninguém ousava, sequer, se aproximar dele.

Ceci foi viver com os avós, mas registrava em seu íntimo a falta que sentia dos pais.

Mas, com o passar do tempo, a história foi mudando de rumo: Ao invés de assombração, o povo falava em uma mulher parada acima da água, no meio de um clarão azul e com a cabeça toda iluminada. Também diziam que águas se transformavam e que bebendo – ou simplesmente molhando a cabeça com a água do lago – muitos eram curados de suas enfermidades.

Também Ceci mudou: as lembranças do passado foram superadas. Sua avó Zinnia sentiu-se aliviada, sem sequer imaginar o começo de uma nova fase que a deixaria, certamente, sem saída, pois caberá a ela, Ceci, a tarefa de esclarecer o que realmente acontece nesse lago.

Esta é a envolvente narrativa de O mistério do lago, novo romance de Pedro Santiago e do espírito Dizzi Akibah.

Nono livro da dupla, O mistério do lago é muito emocionante por envolver sentimentos tão contraditórios.

Entre o amor e o ódio que atravessam décadas, Ceci, a menina órfã criada pelos avós, enfrentará um longo caminho para esclarecer os acontecimentos que envolveram a morte misteriosa de sua mãe – e para resgatar a dignidade de seu pai, a quem ela nem conhecia e por quem sentia um amor profundo.

Acreditando ser o perdão a grande alavanca para a evolução do ser espiritual, Ceci trabalha com todas suas ferramentas para libertar seus entes queridos das amarras do rancor e descortinar para eles o benefício de perdoar e de ser perdoado.

Porém, segundo o autor espiritual, o foco principal da obra, além da caridade e do perdão, é a paz, “componente indispensável da tão sonhada felicidade”, afirma Dizzi Akibah. O livro nos mostra que, onde existe ao menos uma pessoa determinada a semear o bem, os frutos logo aparecem e o contágio é geral, beneficiando uma grande parcela de pessoas que já se sentem preparadas para receber essa semente.

Despertas as potencialidades interiores, promove-se o cultivo da paz, que se constitui um dos mais importantes patrimônios do espírito.

Entretanto, alerta Dizzi Akibah, “a palavra paz, apenas escrita num papel ou pronunciada sem sentimento – solta ao vento – não se identifica com a condição íntima, de quem a procura com bases nos ensinamentos de Jesus”. Afinal, quem melhor que o Mestre estabeleceu o conceito da paz? Não foi ele mesmo quem nos prometeu concedê-la ao afirmar, segundo João 14:27: “Deixo-vos a paz: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”?

Aqui, ao revelar seu conhecimento sobre as fraquezas e dificuldades da vida humana, Jesus conclama a fé e confiança nos desígnios de Deus àqueles que se apegam ao desespero, à revolta, à impaciência e à desesperança.

O Mestre sabe que a paz nasce no coração daqueles que já desenvolveram a confiança plena em Deus, que nasce em nosso íntimo e que permite estarmos em equilíbrio, ainda que a vida esteja turbulenta: a paz interior.

E apesar de se chamar paz interior, esta é conquistada com luta – também interna –, pois precisamos lutar contra as tendências equivocadas que trazemos de nossas várias existências anteriores. Precisamos controlar nossos pensamentos e nossos sentimentos. Temos que desenvolver em nós a autocrítica e nos auto-observarmos. E, além disso, aceitar e compreender não apenas nossas próprias limitações, mas as do nosso próximo também.

Esta paz individual, que nos harmoniza intimamente, também se reflete nos conflitos exteriores – em casa, no trabalho, etc. Logo, percebe-se que a paz não pode ser criada dentro de cada alma somente, e nem deve ser esforço externo apenas. A serenidade inabalável é o amor de Deus, tesouro que se revela através dos tempos, quando abrimos nossos corações movidos pela boa vontade, servindo sem questionar, amando sem distinção. Quando nos dispomos a respeitar e viver os princípios das leis que governam a todas as criaturas de Deus, eis então a paz se estendendo de uns para com os outros, de dentro pra fora e de fora pra dentro.

E a caridade e o perdão certamente fazem parte desta construção íntima. Portanto, é importante nos aprimorarmos nos serviços da caridade, compreendendo os meios de ajudar para que não sejamos corrompidos pelas imprudências inspiradas pela vaidade. A caridade pode e deve ser exercitada de muitas formas e meios. Afinal, doar algo material é muito fácil, por ser transitório, mas a doação interior se faz verdadeiro alicerce do coração.

Este bom senso se aplica até mesmo no ato de perdoar, pois quem não perdoa se distancia da serenidade, comprometendo sua paz interior. Dissemos acima que a paz se estende de uns para os outros. O perdão também: ele beneficia a quem perdoa, mas também traz benefícios, ainda que não percebidos de imediato, a quem foi perdoado. Allan Kardec informa que a natureza deu ao homem a necessidade de amar e ser amado. Amar vem primeiro, ser amado depois. Logo, perdoar vem primeiro, ser perdoado depois. E para usufruir um pouco de equilíbrio neste mundo de provas e expiações, torna-se fundamental também saber perdoar-se, pois, como ensina Lázaro na mensagem O dever, em O evangelho segundo o espiritismo, o primeiro dever que temos em nossa vida é para com nós mesmos. Assim, se perdoar o outro liberta, devemos nos perdoar para ajustar nossa paz interior.

Enquanto a caridade nos ensina o valor da gratidão, o perdão nos esclarece sobre as bênçãos do amor. Eis porque se torna tão necessária a busca por este estado da alma, posto que as aquisições do espírito são eternas, ao passo que toda esta conturbação que assola nosso mundo, fazendo a paz parecer apenas um anseio utópico, será passageira.

Caridade e perdão é o trabalho que nos compete realizar em benefício próprio. Sem este trabalho, estaremos sempre descontentes com nós mesmos e com os que cruzarem nosso caminho. Desperta a consciência espiritual, nos libertamos das ilusões do mundo material e nos identificamos com as verdades da pátria da verdade.

É deste encontro cheio de beleza do perdão e da caridade; e das surpresas e emoções entre os dois mundos – o material e o espiritual – que O mistério do lago certamente proporcionará ao leitor momentos de alegria, encantamento e paz.

O mistério do lago. Clique aqui e garanta o seu agora!