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Artigo Espírita

A VONTADE DE DEUS É SEMPRE A MELHOR?

por editoraeme 22/10/202121/10/2021
Escrito por editoraeme 22/10/202121/10/2021
A VONTADE DE DEUS É SEMPRE  A MELHOR?

E qual é a vontade de Deus? Depende, obviamente, da forma como você interpreta essa expressão. Vale a pena, a título de fixação de aprendizagem, dizer que, se você adota a filosofia teísta, obviamente, aceita o Deus antropomórfico, o Deus-pessoa que dirige tudo no universo, de algum lugar exterior. “Ele” (sentido figurado) monitora tudo, inclusive nossas ações, dizendo o que ‘pode’ e o que não ‘pode’ fazer, estabelecendo, inclusive punições quando erramos ou prêmios quando acertamos, interferindo, inclusive, no livre-arbítrio. É óbvio que, assim pensando, o melhor que se faz para salvar a própria pele, é não duvidar, submetendo-se a essa vontade.

Essa concepção é a ‘dualista’, a do ‘Deus lá’ e ‘nós cá’, invenção teológica que vigora até os dias atuais. Deus é visto como alguma entidade justaposta ao Universo, no sentido de ser um indivíduo ou uma pessoa, da qual somos à imagem e semelhança. Esta é, com todo o nosso respeito, aos que assim pensam, fazendo nosso o pensamento de Rohden “certamente a mais primitiva e infantil de todas as ideologias da Humanidade”. E pior é que esse infantilismo primitivo domina as teologias cristãs, do deus antropomorfo. Por conta disso é que a imagem que o pensamento criou foi a de Homem. Segundo o pensador grego Xenófanes de Cólofon, ao criticar a inclinação humana de fabricar deuses à sua imagem e semelhança, conclui que, “se os animais tivessem mãos e pudessem fabricar imagens da divindade, o fariam copiando as características dos sub-humanos”. Nesta linha de comparação de que a criatura é imagem do Criador, Camille Flammarion diz que, se os besouros ‘imaginassem’ um criador, esse criador seria para eles um grande besouro.

No entanto, no decorrer do tempo, com maior grau de evolução espiritual, o homem foi mudando esse entendimento de “Deus à sua imagem e semelhança”. Percebe-se, hoje, que “As pessoas se afastaram do Deus pessoa, adotando uma concepção maior, infinita: Deus, em algum sentido, permeando o mundo, mas também, em outros, sendo uma adição ao próprio mundo”. Assim, “Deus não é o Universo per si, mas Deus emana de todo o Universo. E o Universo inclui todas as coisas e todas as partículas e todos os seres. Esta proposta inclui Deus dentro de nós”.

O SEQUESTRO DA SUBJETIVIDADE

A essência infinita que denominamos de ‘Deus’ está em todos os seres, como causa primeira de todas as coisas, potencialmente. Este entendimento está plenamente incorporado ao corpo doutrinário do espiritismo. A grande confusão é consequência do erro das teologias em separar “Deus do homem”. Ele é entendido como uma entidade à parte do universo. É mais cômodo entregar a ‘Ele’ a nossa vontade.

Com esse objetivo, as religiões algemam o homem ao aprisco, em total dependência. A Igreja, muitas vezes, se colocou no papel de inibidora do crescimento humano, a grande opressora da liberdade, uma prisão e não uma fonte de cura. Esquecem, todavia, que ele é dotado do Christós, tal qual Jesus, Buda, Maomé, Tao, Brahma, entre outros, e, ainda, todo Espírito em evolução. Então, essa ideia artificial e castradora, de entregar o Christós (semente divina em nós) a um ser de carne e osso é fugir da responsabilidade, transformando-se, conforme Jesus afirmou, em mortos-vivos, carecendo de ser ‘ressuscitados’. A isto é que se dá, atualmente, o nome de sequestro da subjetividade. De outro modo, o homem perde ‘teoricamente’ o seu Christós e entrega a Jesus, que passa a ser único detentor da fagulha divina… No entanto, cada ser humano está destinado a se tornar um Cristo.

INVERSÃO DE VALORES

Bem, mas o que se prega nas organizações religiosas, como ‘vontade de Deus’, na realidade são prescrições estabelecidas pelas teologias, com acréscimos das lideranças de cada doutrina. Então, para dar autenticidade às regras humanas nas igrejas, incutem nos devotos que são “palavras de Deus”. O crente passa a viver submisso a estes ensinamentos, admitindo tudo como verdade. É comum ouvir de devotos que “na minha religião” isto não é permitido, querendo dizer com isso que estarão em ‘pecado’ diante da desobediência.

Neste caso, eu pergunto a você: Que é vontade de Deus? Será que temos alguém que interfere mesmo em nossas escolhas? Onde fica o nosso arbítrio, prerrogativa inviolável de decisão em nossas escolhas? Sabe-se que, pelo processo de aprendizagem, aprendemos com nossos erros. Deixaremos de ser nós mesmos para atendermos a manipuladores de nossas consciências? Criam-se regras doutrinárias e atribuem-nas a Deus! Como espírito de manada, caiu na armadilha; o devoto fica manietado, entregando a sua vontade a essa vontade externa teológica, dizendo que a desobediência é pecado! As religiões fazem o bem até certo ponto, mas também, em certos casos, fazem muito mal.

Ora, se assim fosse, bloquearíamos o desenvolvimento de nosso Christós latente em todo ser humano, cuja atualização é por ‘conta e risco’ de cada Espírito, aqui reencarnado. Isso que nos conduz ao progresso. O homem tira de si mesmo a energia progressiva, não sendo resultado de um ensinamento, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira.

Neste sentido, a religião, de um modo geral, inverte essa ordem. O bom crente é o que fica dependente da doutrina de sua crença religiosa. Muitas vezes as igrejas impedem o crescimento das pessoas, colocando-as ‘de joelho’, descrevendo-as como réprobas, merecedoras de castigos e de represália.

LEIS NATURAIS

É preciso deixar claro o sentido que se dá às chamadas Leis de Deus, que, na verdade, nada mais são que as Leis Naturais. “As Leis Naturais vão sendo desveladas, através dos princípios e das estruturas que a cada tempo, vão se abrindo em revelações esplendorosas e que surpreendem porque estavam ali, sempre, antes de serem concebidas e descobertas”. Assim, estas são leis que existem sem participação do homem na sua elaboração, sendo, por consequência, eternas e imutáveis, cabendo ao homem adaptar-se a elas. Quando dizemos fazer a vontade de Deus, entendemos que é essa adaptação do homem a essas Leis Naturais e não a vontade dos teólogos e dos líderes religiosos com suas crenças religiosas.

Neste sentido, quando o crente diz que a vontade de Deus é sempre a melhor não está se referindo, obviamente, às Leis Naturais, que o espiritismo chama de Leis de Deus, ou Leis Morais, mas sim, às orientações estabelecidas pelas respectivas igrejas em suas doutrinas. Então, nesta ótica, quando o devoto diz que a vontade de Deus é sempre a melhor, sem mesmo perceber, está ele atrelado aos ensinamentos teológicos.

 

JOSÉ LÁZARO BOBERG no livro Seja feita a sua vontade – A Força do Querer (adaptado)

 

 

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1 Comentar

José Aparecido Sanches 26/10/2021 - 01:15

Este livro do Professor Boberg, oferece subsídios para o leitor que busca conquistar sua autonomia espiritual, o que é também o objetivo maior do Espiritismo. Porém ainda hoje, grande parcela dos que se dizem Espíritas trazem consigo o velho atavismo religioso que os prendem na heteronomia.
Ainda imaginam Deus em algum lugar alhures no Cosmos, de onde controla nossas vidas interferindo em nosso livre arbítrio.

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