Lendo O pequeno príncipe, do notável poeta literário Antoine de Saint-Exupèry, numa manhã ensolarada em que o canto dos pássaros sensibilizava meu ser, entendi que fazemos muitas coisas. Algumas inúteis, outras essenciais.
Todos os dias viajamos, mas não se trata de um lugar para outro, e sim viagens interiores para o que é inútil e o que é essencial. E fazemos muitas viagens exteriores quando juntamos coisas, queremos ser mais ricos, mandar mais que os outros, melhorar nossa beleza física e assim por diante.
São coisas inúteis. Elas podem nos dar conforto, status e, mesmo assim, nos sentirmos sós, perdidos e confusos.
Precisamos fazer viagens interiores, aquelas que proporcionam um encontro consigo mesmo, que nos levam a sentir a própria essência, a desenvolver virtudes.
São coisas essenciais, que nos completam e nos fazem ver como almas imortais.
Então, recostado à cadeira e estendendo meu olhar pelo infinito azul do céu, refleti:
A única coisa verdadeira que podemos dar às crianças, que sempre esperam algo de nós, é o que somos e não o que temos. Sim, quem e o que somos.
É o que aprendi no diálogo entre o Pequeno Príncipe e a Raposa.
Visíveis e invisíveis
Então, reflita comigo:
Se você só olhar para o exterior da vida e do homem, estará perdendo o essencial da vida e do homem.
Descubra o seu “Eu do Eu” e deixe a criança descobrir o “Eu do Eu” dela. Somos únicos, essa é a verdade.
Veja como o corpo está em constante renovação. Ele não é o essencial.
Perceba como o cérebro é temporal. Somente a mente é eterna.
Essencial é a alma, porque imortal.
Todo ser humano é ao mesmo tempo uma pessoa visível e invisível. O que vemos e o que não vemos. Atitudes e emoções. Comportamentos e pensamentos.
Coisas interiores
Bem, nesse momento lembrei-me de Jesus, o Mestre Incomparável, que aproveitava os dias para deslumbrar as pessoas com suas lições.
Decerto, sabedor das verdades eternas, e de que o homem não é o que aparenta, mas sim o que é em seu íntimo, por isso afirmou:
“Meu reino não é deste mundo”.
Ainda não, pois estamos enredados com as coisas exteriores, e o amor, o perdão, a humildade e todas as outras virtudes estão ligadas às coisas interiores.
Renova-te, ó homem!
Faça repercutir em ti este brado de alerta e, ao mesmo tempo, bálsamo confortador:
O essencial é invisível aos olhos.
Escreve Allan Kardec:
Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra. Se alguns dos que pretenderam instruir os homens na lei de Deus algumas vezes os desviavam para falsos princípios, foi por se deixarem dominar por sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regem as condições da vida da alma com as que regem a vida do corpo.
(Questão 625 de O Livro dos Espíritos)
A essência humana é de natureza divina e se chama alma. Tudo o que se refere à existência física é passageiro como o corpo, que é depositado no túmulo e volta ao seio da natureza.
De fato, o essencial é invisível aos olhos, porque o que é invisível é, na verdade, a realidade da vida.
MARCUS DE MARIO no livro Além das aparências- histórias e reflexões para entender a vida (adaptado)