Quando falamos de espiritismo, falamos do estudo dos processos pelos quais somos nós, espíritos imortais, submetidos pela força das leis divinas. A chave para que entendamos a necessidade de alterarmos o nosso pensamento e nossas ações no sentido da liberdade e não da escravidão está, justamente, em compreender como esse processo de vinculação se dá a partir de nossas práticas cotidianas.
O grande desafio do espírita é, portanto, compreender e agir no sentido de libertar seu pensamento das sensações materiais, alçando voos mais altos em direção à sua essência, que independe da matéria. Com esse entendimento, fica mais fácil dispensar os tabus que cercam o sexo, por exemplo. Algo infelizmente ainda muito comum até mesmo dentro de algumas instituições espíritas.
Sobre a definição do conhecimento da própria natureza sexual, os espíritos da codificação responderam a Allan Kardec algumas questões sobre o tema em O livro dos espíritos. Para não tergiversarmos demais, vamos nos ater somente a duas, a de número 200 e a de número 822, letra a.
Na questão 200, Kardec questiona se os espíritos tem sexo e a resposta é a seguinte: “Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos”.
Mais adiante, na 822/a os espíritos afirmam também que “(…) Os sexos, além disso, só existem na organização física. (…)”
Percebemos então, claramente, o conhecimento da sexualidade do ponto de vista espiritual traz ao ser humano mais autoconhecimento. Nesse sentido, é estimulado – e até considerado muito importante – pelos espíritos.
Entretanto, é comum usarmos a “sexualidade” entendida como sensualidade. Podemos entender a sexualidade quando estamos falando e pensando sobre as nossas sensações, sentimentos e emoções envolvendo a energia sexual. Para falar de energia sexual, por sua vez, podemos nos referir à libido, que vem do latim e quer dizer “desejo violento ou luxúria”. Para a psicanálise freudiana temos aí a energia motriz dos instintos de vida, da conduta ativa e criadora do homem.
Quando falamos de sexualidade, tratamos das energias perispirituais enquanto força criadora presente em todos nós e que são canalizadas no nosso corpo dessa forma. Porém, em verdade, estamos, assim, falando de nossos desejos, de nossas sensações prazerosas, de nossa compreensão sobre a maneira como sentimos e lidamos com as questões que envolvem essas energias. Estamos falando, por exemplo, de como nos relacionamos sexualmente, de como controlamos os nossos impulsos relativos ao sexo, de como podemos expressar a nossa sexualidade publicamente ou intimamente, de como estas manifestações alteram e interferem nas nossas vidas, de como sentimos tais energias nos nossos corpos e de como essa energia pode ser usada bem ou mau, construtiva ou de maneira desastrosa.
Já quando estamos falando do sexo, tratamos da prática do sexo exclusivamente. Aí então, falamos de sexo bom ou ruim, de sexo moralmente aprovado ou desaprovado, estamos falando da prática sexual simplesmente ainda que não tenha finalidades mais elevadas, falamos de sexo seguro, de sexo arriscado, de sexo depravado ou patológico e assim por diante. Mas falamos.
Na vida estamos em constante aprendizado. O sexo, como tantas outras energias de nosso espírito, precisa ser conduzido de forma adequada. E, para ser conduzido de forma adequada, precisa ser estudado tanto quanto qualquer outro comportamento humano.
Infelizmente, como dissemos acima, a sexualidade ainda é um assunto considerado tabu e inapropriado em certos círculos – até mesmo espíritas. E é exatamente por isso que Desafios da sexualidade, assinado pelo médico Alexandre Perez, surpreende: o autor consegue tratar o tema de maneira simples e agradável, que torna o estudo descomplicado para qualquer leitor.
Não à toa, o livro tem este nome, “desafios”. Problemas conjugais, educação sexual para crianças e jovens, fantasias sexuais, masturbação, homossexualidade – neste livro, Alexandre encara esses e outros ‘desafios da sexualidade’ com uma exposição franca de questões raramente discutidas no meio espírita, relacionando o espiritismo ao assunto sexualidade de forma natural e interativa com o leitor.
Na apresentação da obra, Alexandre Perez alerta que “nunca antes fomos tão assediados e convidados ao desequilíbrio da sexualidade, uma vez que, como poderoso instrumento de envolvimento mental, o sexo tem sido usado, de todas as formas possíveis, pela coletividade dos espíritos desencarnados ainda equivocados, com a finalidade de implantar na Terra a manutenção do império dos sentidos, da brutalidade e da irracionalidade, característica de seu modo de ser. Mergulhados no atual cenário conflituoso do planeta, encontramo‑nos expostos a muitos riscos: somos alvo de todos os estímulos que partem, impiedosos e impudicos, dos variados centros de disseminação de desequilíbrio. Nesse aspecto, a coletividade dos espíritos que promovem o assédio não respeita idade, nem fragilidade, indiferente às consequências, limites e dignidade de seus irmãos encarnados no orbe”.
Sendo a instituição espírita o órgão primeiro responsável pela divulgação do espiritismo, deve primar pela educação do espírito. Conscientizar, mas sem esbarrar em remorsos ou culpas que, além de produzir efeitos contrários, não condizem com o caráter progressivo da doutrina, sempre acima das dogmatizações em qualquer assunto que trate.
A abordagem que o espiritismo dá ao sexo é a de um mecanismo de troca. Não somente uma troca fluídica, energética, mas como uma concretização de uma relação profunda entre dois espíritos. E que a escolha de fazer dessa relação algo positivo, duradouro, útil e bom é do espírito que a vive e de ninguém mais.
Com esta postura acertada, Desafios da sexualidade vai interagindo com o leitor, fazendo com que esse fique cada vez mais absorto na leitura e, dessa forma, torna-se extremamente envolvente, sendo um livro altamente recomendado para todas as faixas etárias, esclarecendo, tirando dúvidas, alicerçando conceitos e dando-nos sempre a certeza de que estamos no caminho do nosso aprimoramento moral e espiritual com vistas à imortalidade.
“Esteja você curioso, interessado ou angustiado, sofrendo ou enfrentando momentos emergenciais no tocante à sexualidade, é a você que as informações contidas nos estudos que empreendemos se destina”, convida o autor.
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