A beleza de um jardim não depende do tamanho das flores, mas da variedade de seu colorido. Assim, a felicidade não depende de grandes alegrias, mas da variedade de muitos e pequenos momentos felizes, que colhemos ao longo da vida.
Padre Fábio de Melo
Em 2022 fui convidado a participar de uma reunião festiva do Grupo de Alcoólicos Anônimos de Capivari – que na ocasião completava 40 anos –, onde aprendi muito com os princípios desse grupo que é espiritual e não religioso – qualquer pessoa e de qualquer credo poder fazer parte, e é gratuito.
A única exigência em sua terceira tradição é que o indivíduo esteja disposto a parar de usar álcool.
Sem sorrisos
Subindo as escadas do Salão Paroquial da Igreja Matriz de São João Batista de Capivari, deparei-me com um painel com as fotos dos abnegados servidores do Cristo, sacerdotes em Capivari (cidade natal da EME), desde sua fundação. Dois deles dão nomes a ruas principais da cidade: Padre Haroldo e Padre Fabiano.
Notei que, por tradição, em nenhuma foto aparece um padre sorrindo…
Todos têm feições simpáticas, mas sérias para as fotografias.
Lembro-me de que, transferido do Banespa de Conchas (SP), onde havia fundado a Gráfica e Editora (que mais tarde se transformaria na EME), fui visitado por uma pessoa em Capivari que, sabendo que eu estava trabalhando voluntariamente no Lar de Jesus e no Centro Espírita João Moreira, tinha dúvidas sobre a vida espiritual.
Apesar de ser católica, seus parentes haviam ido até Uberaba (MG) visitar o médium Chico Xavier que psicografou uma carta lhes dando conforto em relação ao jovem familiar que havia falecido em acidente automobilístico. Dizia que ele estava amparado e bem. E quem cuidava dele no Além era o sacerdote Padre Fabiano, que dá nome também a uma tradicional escola da cidade.
Servir ao próximo
Depois o destino me trouxe para a agência Banespa em Capivari, onde fui administrador de Crédito Rural e Industrial. Um dia recebi a visita do padre Eusébio, já aposentado como sacerdote, e que desejava publicar um livro, que depois editamos para ele.
No café que lhe oferecemos na cozinha do banco, conversamos um pouco em particular sobre o livro e também de sua experiência em nossa comunidade. E então indaguei: por que ele agora não voltava para seu país de origem, junto de seus entes queridos?
Ele me disse que seus entes queridos estavam todos aqui, nessa cidade, que os estimava e os queria como irmãos, amigos e filhos. E que, naquela altura da idade física, não seria reconhecido pelas pessoas de sua terra natal (mesmo porque seus pais e parentes já tinham retornado ao reino de Deus).
Lindo e confortador, não é? Desapegar-se do passado para servir ao próximo conquistando novos familiares! Eis a real vocação e missão dos que abraçam o sacerdócio com fé!
ARNALDO DIVO RODRIGUES DE CAMARGO é diretor da Gráfica e Editora EME