A vergonha de confessar o primeiro erro nos leva a muitos outros.
Jean de La Fontaine (poeta e fabulista francês)
O telefone toca de madrugada: é do hospital pedindo a presença do pai.
Seu filho está sendo atendido com problema cardíaco.
O pai fica imaginando o que o filho poderia ter feito para estar passando mal, no hospital… O rapaz já estava na faculdade, e também dirigia. Um bom filho, respeitador dos pais, corpo atlético, fazia exercícios físicos, gostava do curso que escolhera.
A surpresa: uso de cocaína, que deu aceleração no batimento cardíaco; com medo de ter infarto e morrer, buscou ajuda no hospital, com um amigo.
“Como foi acontecer isso?”, indaga o pai.
No hospital também os pais foram questionados, pelos médicos, se faziam uso de álcool. A resposta foi sim. E que o filho bebia com a família, com moderação.
Sem limites
Por experiência com incontáveis casos em clínicas para dependentes químicos, sabemos que boa parte dos jovens que bebem em casa com os pais, na rua não têm limite e experimentam outras drogas. O álcool é uma porta de entrada para outras drogas. É uma tolice os pais acharem que ensinando em casa os filhos terão controle. Quanto mais cedo os jovens iniciam no consumo de álcool, maior o índice de dependência química.
No portal de cardiologia Promoção de Saúde, da SBC, o diretor, doutor José Francisco Kerr Saraiva, passa essas informações: “Tanto a cocaína como outras drogas ilícitas ou a própria cannabis têm efeitos importantes sobre o aparelho cardiovascular e podem promover descarga de adrenalina, na verdade uma forte atuação das catecolaminas, entre as quais se destaca a noradrenalina, que pode levar à elevação da pressão arterial, aumentar o consumo de oxigênio por parte das células cardíacas”.
Por serem substâncias estimulantes do sistema nervoso central, podem causar, diz o médico: “arritmias, levar à oclusão das artérias coronárias. Essas substâncias podem fazer uma forte constrição dos vasos, levando ao infarto e, muitas vezes, à parada cardíaca, tanto é que uma das causas de infarto em jovens é a utilização de cocaína”.
Felicidade e saúde
Em uma live, o professor Leandro Karnal comenta que, lendo e estudando neurocientistas, “entendeu que os neurônios ficam ligados aos hábitos; a repetição deles promove economia física, porque os neurônios já sabem o que vai se suceder, o que é profundamente confortante para o corpo”.
Entretanto, muitos hábitos nocivos também criam essa zona de conforto, porque acalmam temporariamente, aliviam enganosamente a ansiedade e, às vezes, a depressão, e não exigem nada do usuário. Com isso, eles não pensam nem agem no sentido de fazer o que é melhor para buscar sua felicidade e a saúde.
A desencarnação por uso de substâncias ilícitas é muito grande e inclusive está na lista de uma das grandes causas de suicídio inconsciente, porque a pessoa não pensa nem deseja a morte, porém ela vem, querendo ou não – essa é uma verdade.
ARNALDO DIVO RODRIGUES DE CAMARGO, diretor da Editora EME